Agência AP processa FBI por fabricar notícia falsa para vigiar suspeito

  • Por Agencia EFE
  • 28/08/2015 19h20
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Washington, 28 ago (EFE).- A agência Associated Press (AP) processou o Birô Federal de Investigações (FBI) por fabricar uma notícia falsa, que atribuiu a esse meio de comunicação, para rastrear e vigiar um adolescente, suspeito de fazer ameaças de bomba contra um instituto do estado de Washington.

A ação conjunta da AP e da organização Reporters Committee for Freedom of the Press (RCFP), à qual a Agência Efe teve acesso nesta sexta-feira, é especificamente contra o FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, órgão ao qual a agência é submetida.

Segundo o documento, apresentado ontem na Corte do Distrito de Columbia, a agência de jornalismo descobriu em outubro de 2014 que um agente do FBI “tinha se passado por um membro de um meio de comunicação, concretamente da AP, para que um suspeito instalasse um software de vigilância em seu computador” sem se dar conta.

O FBI enviou um tipo específico de software de vigilância, conhecido como Protocolo de Verificação de Endereços de Internet (Cipav), com o qual o FBI rastreia e compila dados de localização de suspeitos que vigia eletronicamente.

Na ação, a AP sustenta que o FBI, que contava com uma ordem judicial, pretendia seguir a pista de um jovem que havia lançado uma série de ameaças de bomba contra a escola secundária Timberline, localizada perto da cidade de Lacey, no estado de Washington.

Para que instalasse o software de vigilância, o FBI enviou ao suspeito um e-mail com links para notícias falsas, intituladas “Ameaça de bomba na escola de ensino médio mitigada pelo departamento de polícia local” e “Estudante de Tecnologia sequestra instituto de Timberline”.

“O FBI atribuiu estas notícias à Associated Press”, acusou a agência.

Com base nisso, a AP e a organização RCFP pediram ao Departamento de Justiça e ao FBI que expliquem em quantas ocasiões e sob que circunstâncias se passaram por membros da imprensa para obter informações para suas investigações.

O processo se ampara na Lei de Liberdade de Informação (FOIA), que permite aos cidadãos e às organizações do país solicitar judicialmente a divulgação de documentos governamentais de interesse público.

A AP alega já ter pedido por carta, sem sucesso, a informação sobre o uso de identidades de jornalistas ao ex-procurador-geral dos EUA, Eric Holder, com quem a AP teve tensas relações, especialmente no final de seu mandato (2009-2015).

Em 2013, a agência denunciou que investigadores federais grampearam em 2012 as chamadas de pelo menos 20 de suas linhas telefônicas em três de seus escritórios, supostamente para descobrir a fonte de um vazamento.

Pouco depois, foi informado que outro jornalista, da emissora “Fox News”, James Rosen, foi investigado em 2010 após publicar uma informação que dizia que a Coreia do Norte estava preparando um teste nuclear.

Estas revelações e o clamor de organizações de defesa da liberdade de imprensa fizeram com que no início de ano, pouco antes de ser substituído pela atual procuradora, Loretta E. Lynch, Holder ordenasse uma supervisão maior de seu departamento sobre as investigações judiciais que estivessem relacionadas com jornalistas. EFE

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