No Dia Internacional do Biodiesel, Brasil celebra seu potencial nesse mercado

Sendo atualmente o segundo maior produtor do mundo, país destaca-se pela grande diversidade energética e a crescente participação dos biocombustíveis na matriz

  • Por Conteúdo Patrocinado
  • 11/08/2023 10h00
Divulgação/Brasil BioFuels Óleo de palma é matéria-prima para a produção de biodiesel Óleo de palma é matéria-prima para a produção de biodiesel

Nesta quinta-feira, dia 10 de agosto, é celebrado o Dia Internacional do Biodiesel. O dia foi escolhido porque, em 10 de agosto de 1893, em Augsburg, na Alemanha, Rudolf Diesel colocou para funcionar pela primeira vez a sua criação, o motor a combustão movido a óleo de amendoim. Para realizar o feito, Diesel testou diferentes óleos vegetais, até chegar à extração do óleo de amendoim. Ele entrou para a história, portanto, como o engenheiro mecânico franco-alemão que inventou o motor a diesel. 

O motor e seu combustível foram patenteados alguns anos mais tarde da descoberta de Diesel, em 1897, e apresentados oficialmente em 1898, na Feira Mundial de Paris, na França. A partir daí, a tecnologia em questão começou a ser adaptada primeiramente para uso em carros e, depois, locomotivas, caminhões e até navios. O biodiesel é, por definição, um combustível renovável e limpo, que não agride o meio ambiente e, ainda, tem funções sociais e econômicas relevantes para o país e para o mundo. Ele é derivado de óleos e gorduras, de fonte vegetal ou animal, e passa por processos químicos para sua transformação, adicionado ao diesel em uma mistura de 10% e 90%, respectivamente. 

Atualmente, apesar de o biodiesel originado de plantas ser a quarta maior fonte de energia renovável utilizada no mundo, segundo dados da EIA (Administração de Informações de Energia), dos EUA, ele ainda representa apenas 0,4% de todas as matrizes energéticas disponíveis no mundo — o que significa que existe um mercado em potencial a ser explorado. 

Brasil é o segundo maior produtor de biodiesel do mundo (Pixabay)

Potencial nacional 

O ponto de partida para a criação do biodiesel pode incluir diferentes óleos, entre outros materiais de origem animal ou vegetal. No Brasil, por exemplo, as principais matérias-primas para a produção de biocombustíveis são a soja, o milho, o girassol, o amendoim, a palma de óleo e a macaúba, além de algumas gorduras animais. Nosso país figura entre os cinco maiores produtores de biodiesel do mundo. O ranking atual é: Estados Unidos, Brasil, Indonésia, China e Alemanha, segundo a pesquisa mais recente do IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), divulgada em 2021 e referente ao período de 2011-2020. 

No entanto, o feito é relativamente recente: o biodiesel só foi alavancado no país em 2005, a partir da criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), que instituiu em lei o acréscimo obrigatório de uma porcentagem de biodiesel ao óleo diesel fóssil. O Brasil tem grande vocação para a produção de combustíveis verdes, desde o etanol até o biodiesel proveniente de plantas oleaginosas, como a palma. O PNPB busca potencializar esse mercado e estimular a inclusão social em sua cadeia de produção.

A Lei nº 13.576, de 26 de dezembro de 2017, instituiu a Política Nacional de Bicombustíveis (RenovaBio) visando ampliar a produção e o uso de biocombustíveis na matriz energética brasileira. A política de Estado leva em consideração a relação entre a eficiência energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa, visando, assim, auxiliar na descarbonização da matriz de transportes brasileira, contribuindo ainda para a segurança energética e a previsibilidade do mercado. Os principais instrumentos para a concretização da política podem ser resumidos em três eixos estratégicos: a definição das metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE), a certificação da produção de biocombustíveis e o Crédito de Descarbonização (CBIO).

Os biocombustíveis no combate às mudanças climáticas 

Diante da urgência em combater as mudanças climáticas, é necessário avaliar todas as possibilidades de atuação nesse sentido — desde as mudanças em simples hábitos de consumo, passando por medidas políticas e sociais e ainda as atitudes por parte das grandes empresas. Um dos principais vilões do meio ambiente é a emissão de gases do efeito estufa — e é a partir daí que as transformações devem começar. As grandes cidades ao redor do mundo já têm apostado nos biocombustíveis — que incluem o próprio biodiesel, claro, mas ainda o bioetanol e biogás — como substitutos aos combustíveis fósseis. 

Os biocombustíveis são fontes de energia renovável e apresentam baixos índices de emissão de poluentes para a atmosfera. Podem ser utilizados tanto para a locomoção de veículos quanto para a geração de energia. Apesar de serem adotados muitas vezes para resolver questões econômicas, eles são importantes alternativas ecológicas para combater essas emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa — especialmente o CO². 

Alcides Torres, engenheiro-agrônomo e diretor-proprietário e analista de mercado da Scot Consultoria, explica: “A diminuição da emissão de gases de efeito estufa (GEE) e, consequentemente, dos problemas ambientais daí advindos, justifica o uso de biodiesel, originado principalmente da soja e da bovinocultura de corte. Como o nome diz, recursos renováveis podem se renovar e seguirem sendo utilizados, enquanto os combustíveis fósseis são finitos. A opção racional da sustentabilidade econômica do comércio global passa pelos biocombustíveis. Além disso, os biocombustíveis de origem animal e vegetal ainda fortalecem o campo e o meio rural, levando progresso para o interior e fixando o homem no campo”. O especialista acrescenta: “O principal desafio para a completa implementação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira é a dependência dos combustíveis de origem fóssil (derivados de petróleo), como a gasolina, o diesel e o gás natural. No entanto, essa dependência é maior no mundo do que no Brasil, já que, no país, a diversidade energética é grande e os biocombustíveis têm participação crescente na matriz energética”. 

Empresa brasileira destaca-se nesse mercado

Em significativa parte da região Norte do Brasil, o biodiesel feito a partir do óleo de palma é utilizado como combustível verde para geração de energia e também comercializado como uma opção sustentável para o abastecimento de caminhões e equipamentos. Tudo isso graças ao trabalho da Brasil BioFuels (BBF), que desde 2009 produz biodiesel em sua unidade de Ji-Paraná, em Rondônia. São mais de 32 milhões de litros produzidos anualmente, em um processo que conta com o selo Biocombustível Social — emitido pelo MAPA, pela inclusão e geração de renda aos Agricultores Familiares. 

Plantação de palma de óleo do Grupo BBF (Divulgação/Brasil BioFuels)

O Grupo BBF é uma empresa brasileira que atua no agronegócio desde o cultivo, trading, produção de biocombustíveis e geração de energia renovável. O trabalho, que segue um modelo verticalizado, começa no cultivo da palma, passa pela comercialização e por essa produção de biocombustíveis e chega na geração de energia renovável. Desde 2008, ano de sua fundação, o Grupo BBF assumiu a missão de mudar a matriz energética dos Sistemas Isolados do Norte do Brasil, empregando a população local — são mais de 6 mil empregos diretos e 18 mil indiretos —, gerando renda e ainda reduzindo o custo da eletricidade para os nortistas. Essa mudança de matriz consiste na substituição do óleo diesel fóssil por biodiesel feito a partir do óleo de palma.

Hoje, a empresa é a maior produtora de óleo de palma da América Latina e segue caminhando no sentido de contribuir para a transição energética do país e produzindo este combustível renovável para outras finalidades. O Grupo se divide em três diferentes verticais de atuação: BBF Agro, BBF Biocombustíveis e BBF Energia, de forma a estar presente em toda a cadeia produtiva e, assim, garantir a eficiência das soluções propostas e os produtos comercializados. 

O biodiesel de óleo de palma contribui com a descarbonização e a melhoria da qualidade de vida na região Norte do país, oferecendo uma alternativa sustentável ao diesel S500 — combustível fóssil altamente poluente e ainda bastante utilizado na geração de eletricidade nas localidades isoladas da Amazônia. “A Amazônia está intoxicada pela queima do diesel usado no transporte e na geração de energia elétrica para as comunidades isoladas. A missão da BBF é limpar o pulmão da Amazônia com energia limpa e renovável”, explica Milton Steagall, CEO do Grupo BBF. As usinas termelétricas da empresa, alimentadas com biodiesel de palma, são pioneiras na região.

Nova biorrefinaria será utilizada para produzir o combustível sustentável de aviação (Pixabay)

Biorrefinaria pioneira 

Também na Zona Franca de Manaus, o Grupo BBF vai instalar uma biorrefinaria para produção de diesel renovável (RD). O Grupo BBF e a Vibra Energia celebraram, em novembro de 2021, um contrato de compra e venda do diesel verde. O objetivo do projeto é seguir contribuindo para a descarbonização e o desenvolvimento da Região Amazônica. A mesma biorrefinaria será utilizada para produzir o combustível sustentável de aviação SAF (Sustainable Aviation Fuel), que pode ser utilizado em substituição ao combustível Jet A em todas as aeronaves, sem a necessidade de realizar o serviço de abastecimento de forma distinta. O biocombustível de aviação consegue reduzir em cerca de 80% o nível das emissões de CO² durante seu ciclo de vida, em até 90% a emissão de partículas (PM) e em até 100% a emissão do enxofre (SOX). A biorrefinaria receberá investimentos na ordem de R$ 2,2 bilhões e será a primeira do Brasil. Com início de operação previsto para 2026, produzirá mais de 500 milhões de litros dos combustíveis a cada ano. 

A produção de etanol de milho para a região Norte também está na lista de projetos no horizonte da BBF, que lidera uma iniciativa pioneira nesse meio. A expectativa é produzir mais de 300 milhões de litros anualmente e o lançamento oficial está previsto para 2025. Atualmente, a empresa está em licenciamento ambiental com duas plantas — uma no Estado de Roraima e a outra em Rondônia.

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