Alemês fazem corrente humana contra vandalismo a abrigos de refugiados

  • Por Agencia EFE
  • 14/12/2014 16h10

Berlim, 14 dez (EFE).- Vários centenas de pessoas formaram neste domingo uma corrente humana em Vorra, no sul da Alemanha, em protesto pelos recentes ataques incendiários de provável cunho xenófobo contra três edifícios da cidade, recém reformados para receber em breve refugiados.

A corrente humana em repulsa a xenofobia e a extrema-direita, formada em torno dos três edifícios que ficaram completamente inabitáveis, foi montada logo depois de uma missa solidária na qual o pastor protestante da cidade, Björn Schukat, afirmou que “Vorra se uniu ainda mais nos últimos dias”.

“Nós, em Vorra, não nos deixamos dobrar”, assinalou o religioso, que ressaltou que a cidade continua disposta a se comprometer com a ajuda aos refugiados.

Os incêndios começaram por volta das 22h45 (local, 19h45 em Brasília) de quinta-feira em um restaurante desocupado, um celeiro e um edifício residencial desabitado desta cidade bávara de 1.700 habitantes, próxima a Nuremberg, que tinham sido reformados para abrigar refugiados a partir da semana que vem.

No local foram achadas suásticas e pichações xenófobas, além da mensagem “Não aos refugiados em Vorra”.

A polícia criou um grupo operacional especial para buscar com os autores do ataque, embora o ministro do Interior bávaro, Joachim Herrmann, tenha advertido que os resultados podem demorar porque a instrução está sendo muito trabalhosa.

O Escritório Federal de Investigação Criminal (BKA) registrou nos três primeiros trimestres do ano 86 ataques xenófobos contra centros de abrigo de refugiados, mais que os contabilizados em 2012 e 2013 juntos.

Entre estes ataques estão pichações e danos materiais, mas também incêndios propositais.

Segundo o Escritório Federal para a Proteção da Constituição, um dos três serviços secretos germânicos, a extrema direita na Alemanha conta com quase 22 mil seguidores, dos quais dez mil estão “dispostos a utilizar a violência”, publicou hoje o “Welt am Sonntag”.

O temor dos políticos é que o crescente número de solicitantes de asilo na Alemanha alimente uma nova onda de xenofobia no país.

Neste ano, o número de pedidos de asilo está em 181.500, 57% a mais que no mesmo período de 2013, e a previsão é que até o fim do ano este número chegue a 200 mil, quase o dobro dos 127 mil do ano passado.

A Alemanha foi cenário no início dos anos 90 de vários atentados xenófobos em cidades como Solingen, Mölln, Rostock e Hoyerswerda, coincidindo com o auge da chegada de pedidos de asilo oriundos dos Bálcãs. EFE

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