Analistas pedem pressão sobre Venezuela e cobram posicionamento do Brasil
Washington, 17 set (EFE).- Analistas em direitos humanos declararam nesta quinta-feira que agora, “mais do que nunca”, é necessária a “pressão” internacional sobre a Venezuela para que as eleições parlamentares de dezembro sejam “livres e justas”, e pediram ao Brasil que abandone o “silêncio” diante dos “abusos” do governo de Nicolás Maduro.
O diretor para as Américas da ONG Human Rights Watch (HRW), José Miguel Vivanco, o ex-secretário-executivo da CIDH Santiago Cantón e a diretora para América Latina e Caribe do National Endowment for Democracy, Miriam Kornblith, participaram de um fórum no Council of the Americas de Washington sobre a situação na Venezuela.
A menos de três meses para as eleições legislativas na Venezuela, os três analistas afirmaram que não há independência judicial nesse país e que o Estado de direito se deteriorou nos últimos 15 anos, durante os governos do falecido presidente Hugo Chávez e agora de Maduro.
De acordo com Vivanco, “agora, mais do que nunca, é necessário algum tipo de pressão internacional e de observação” às vésperas das eleições de dezembro.
Segundo sua opinião, pela “influência” que exerce na América do Sul, “o Brasil tem uma enorme responsabilidade” e deve abandonar “seu silêncio diante de todos os abusos” cometidos pelo governo venezuelano.
Para Cantón, do Centro de Justiça e Direitos Humanos Robert F. Kennedy, é preciso se perguntar “quem tem a chave” para a melhora da situação na Venezuela e, em sua opinião, “está nas mãos de Brasil e Argentina”.
Esses dois países e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), “politicamente, não estão fazendo o que têm que fazer”, opinou Cantón.
Sobre o papel dos Estados Unidos, Cantón comentou que, às vezes, na relação com a América Latina, “é melhor ficar à margem”, e Venezuela “é um desses casos”.
O ex-secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também disse que não acredita que seja uma boa ideia que os Estados Unidos imponham mais sanções à Venezuela.
Com ponto de vista oposto, Vivanco é a favor de sanções aplicadas de forma “seletiva” porque teriam “um impacto positivo” em toda a região.
Durante o fórum também foi abordada a recente sentença contra o opositor venezuelano Leopoldo López, condenado na semana passada a quase 14 anos de prisão pelos crimes de perseguição pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio por causa da violência gerada no fim de uma manifestação contra o governo em fevereiro de 2014.
Como já denunciou em comunicado após saber a condenação de López, Vivanco voltou a dizer hoje que se trata “essencialmente de uma perseguição política”.
Para Cantón, a menos que López seja libertado, as eleições de dezembro “não vão ser livres nem justas”. Assim como Vivanco, argumentou que é até possível que o pleito não ocorra, devido à perda de apoio do governo de Maduro, segundo as pesquisas.
Segundo Kornblith, as próximas eleições serão “muito piores” do que as anteriores em termos de “liberdades políticas e participação”. EFE
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