Após 4 altas seguidas, dólar fecha em baixa com influência do exterior
Depois de acumular valorização de 3,82% em quatro sessões consecutivas de alta, o dólar à vista fechou em baixa de 0,48% nesta quinta-feira, 22, cotado a R$ 3,926. Com o noticiário político um pouco mais brando, o mercado refletiu essencialmente a melhora do humor no mercado internacional. A expectativa de adoção de estímulos econômicos na Europa beneficiou preços de commodities e valorizou moedas de países emergentes, o que justifica em boa parte o desempenho do real.
A origem do bom humor foi o discurso do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. Ele afirmou que a recuperação econômica e a inflação da Europa provavelmente foram atingidas pela desaceleração do crescimento de mercados emergentes. “Neste contexto, o grau de acomodação da política monetária precisará ser reexaminado na reunião de dezembro, quando as novas projeções da equipe do sistema do euro estarão disponíveis”, disse.
O discurso do presidente do BCE foi interpretado como uma sinalização de adoção de estímulos à economia na zona do euro, o que impulsionou os preços das commodities. Embora a fala do dirigente do BCE tenha provocado alta do dólar frente ao euro e ao iene, a moeda americana caiu ante moedas de países emergentes e exportadores de matérias-primas.
O cenário político não teve interferência direta sobre os negócios, embora tenha permanecido no radar dos investidores. É esperada para amanhã uma decisão da equipe econômica do governo sobre uma possível revisão para baixo da meta fiscal para 2015, levando em consideração um déficit de aproximadamente R$ 57 bilhões. O ponto crucial nas discussões é a regularização das questões das pedaladas fiscais de 2014. O grande temor – no governo e no mercado – é que um aumento no rombo das contas públicas antecipe um novo rebaixamento da classificação de risco do País.
Nesta tarde, a presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar que não vai cortar benefícios sociais, como o Bolsa Família. Nesta semana, o relator do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), avisou ao governo que poderá cortar até R$ 10 bilhões dos R$ 28,8 bilhões previstos no programa. Parlamentares governistas e ministros rechaçaram a proposta. “Temos compromisso inarredável com a continuidade do Bolsa Família”, afirmou a presidente em discurso a lotéricos em Brasília.
Outro destaque desta tarde ficou por conta da aprovação, em comissão especial da Câmara, do projeto de lei que cria o regime especial de tributação para repatriação e regularização de ativos de brasileiros mantidos no exterior. O projeto do governo foi bastante alterado pelo relator Manoel Junior (PMDB-PB), o que contrariou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tentava negociar com ele e com o deputado José Mentor (PT-SP), presidente da comissão especial.
O projeto aprovado reduziu o Imposto de Renda (IR) que os brasileiros deverão pagar, dos 17,5% inicialmente desejados pelo governo, para 15%. A multa, que também seria de 17,5%, foi diminuída para 15%. Ao final, a carga total de cobrança, que seria de 35%, passou para 30%. Por outro lado, o projeto instituiu que a cotação do dólar para cálculo dessas cobranças será do momento do pagamento dos impostos e não mais a cotação que estava fixada em 31/12/2014. Segundo Mentor afirmou, essa mudança “atenuará” a redução das alíquotas do IR e da multa.
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