Argentina quer aplicar lei antiterrorista contra empresa americana
Buenos Aires, 14 ago (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou nesta quinta-feira que seu governo denunciou a filial local da empresa gráfica americana Donnelley e pediu a aplicação da lei antiterrorista.
Em um ato na sede do Executivo, Cristina disse que denunciou penalmente a empresa, dedicada à impressão de revistas, por “alteração da ordem econômica e financeira”.
A presidente destacou que é a primeira vez que o governo pede a aplicação da lei antiterrorista, aprovada em 2011.
“Fizemos a denúncia porque estamos perante um verdadeiro caso de gestão fraudulenta e de tentativa de atemorizar à população”, assegurou.
A filial da Donnelley pediu falência na semana passada, fechou na segunda-feira sua fábrica na cidade de Garín e deixou na rua cerca de 400 trabalhadores.
Cristina afirmou que a Administração Federal de Receita Pública (Afip) solicitou à Justiça que revogue o auto de falência da empresa e averigue o delito de defraudação.
“Quando começamos a indagar, a situação patrimonial da empresa era boa. Era uma empresa que tinha tudo em dia. Não tinha dívidas com a Receita e, no entanto, pediu falência”, disse a governante.
Segundo Cristina, Donnelley fez uma apresentação perante a Comissão de Valores dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) informando a solicitação da falência na Argentina alegando “condições de negócios insustentáveis”.
Cristina acrescentou que seu governo também denunciará a empresa perante a SEC.
“Quando fomos ver os estados contábeis, tudo estava em dia, não havia problemas com os provedores”, assegurou a presidente, que disse que a empresa, que operava há 22 anos na Argentina, tinha comunicado a seus provedores que fechariam suas operações no país por não poder “superar a crise”.
Cristina comentou que a multinacional Donnelley está participada “em 60% a 70%” por fundos de investimento, e um deles é o Black Rock, que “curiosamente se apresentou” para apoiar a Argentina no litígio dos fundos abutres em tribunais de Nova York pela dívida.
A governante disse que em dezembro de 2013, Paul Singer, dono do fundo NML, um dos querelantes contra a Argentina, lhe transferiu ações em outra multinacional a Black Rock.
“Como verão, tudo faz parte de um jogo, quase mafioso, em nível internacional”, concluiu a presidente. EFE
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