Assad exibe recentes vitórias militares na Síria como trunfo eleitoral

  • Por Agencia EFE
  • 01/06/2014 15h54
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Susana Samhan.

Beirute, 1 jun (EFE).- Mais de três anos de conflito não estão impedindo a Síria de realizar eleições presidenciais no próximo dia 3 de junho, nas quais o líder atual e candidato, Bashar al Assad, exibe como trunfo as últimas vitórias do exército leal a ele.

Mesmo assim, não serão eleições simples, porque os conflitos entre os rebeldes e as forças governamentais continuam em muitas regiões, e há cidades divididas em áreas sob o controle de ambas as partes. O regime se mantém inexpugnável em Damasco, transformada em uma fortaleza cujos “muros” os insurgentes às vezes conseguem romper com ataques a bomba.

Não muito longe do centro da cidade, ocorre uma das batalhas mais sangrentas entre ambos os lados, na região de Gota Oriental, o grande reduto opositor da periferia da capital, que abrange vários povoados. Nas últimas semanas, as Forças Armadas atuaram especialmente em Al Meliha e Duma, ao norte da capital, onde os bombardeios aéreos se intensificaram e desde onde os rebeldes lançam ataques com foguetes.

A luta para conservar o controle de Damasco e de Lataquia, reduto do regime no litoral, é a prioridade atual das autoridades. Entre o final de março e o início de abril, eles assumiram quase o controle total da região de Al Qalamoun, na fronteira com o Líbano e ao norte da capital. Há um interesse estratégico nessa região porque por ela passa a estrada que liga Damasco a Lataquia e o outro reduto governamental no litoral, Tartus.

Maio foi o mês da retirada dos rebeldes da parte antiga da cidade de Homs, conhecida como a “capital da revolução” pela intensidade de protestos contra Assad. Após mais de 20 meses de controle militar e mediante um pacto com os insurgentes, as autoridades recuperaram o centro de Homs, transformado em escombros por conta dos combates.

Este também foi o mês da ruptura do cerco insurgente, que já durava mais de um ano, à prisão central de Aleppo, por onde passa uma via de provisões insurgentes procedente da Turquia e em direção a Aleppo.

Enquanto isso, em Lataquia, o exército está concentrado em impedir um avanço opositor pelo norte, de onde os rebeldes iniciaram uma ofensiva há dois meses. Lá, os confrontos se limitam às regiões da fronteira com a Turquia, onde os insurgentes tomaram o controle da população de maioria armênia de Kassab.

Paralelo aos enfrentamentos entre as autoridades e os rebeldes, os próprios insurgentes entraram em conflito entre si no norte da Síria, o que lhes tirou força contra o exército, que aproveitou esta divisão para avançar no território.

Esses confrontos começaram em 3 de janeiro deste ano entre o grupo radical Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) e uma coalizão de grupos rebeldes integrada pela Frente Islâmica, o Exército Livre Sírio (ELS) e o Exército dos Mujahedins.

Aos adversários do EIIL se soma a Frente al Nusra, comandada pelo líder da Al Qaeda, Ayman al Zawahiri, e filial desta organização na Síria. A rede terrorista de Osama bin Laden, por sua vez, ordenou ao EIIL que abandonasse suas atividades no solo sírio para se limitar ao Iraque.

O grupo jihadista desobedeceu a ordem de Al Zawahiri e, agora, está imerso na luta contra outras facções, que se intensificou na província de Deir ez Zor, na fronteira com o Iraque, onde pode receber reforços desde seu bastião em território iraquiano, a província de Al Anbar.

O EIIL conta além disso, no norte da Síria, com a província de Raqqa, cuja capital homônima é a única de todas as regiões sírias que está fora das mãos do regime.

Diante da continuidade das hostilidades, o número de mortes no conflito não para de aumentar e já superou as mais de 162 mil vítimas, em uma guerra que não parece que terminará com a realização das eleições. EFE

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