Aumentar circulação de armas no Brasil provocará ainda mais mortes, diz Unesco

  • Por Agencia Brasil
  • 14/05/2015 12h37
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São Paulo/SP - A Polícia Federal deflagrou na manhã de hoje, 05, a Operação Magnum 500, que investigou o comércio ilegal de munições recarregadas, o contrabando de insumos para recarga de munições e o tráfico internacional de peças de armas de fogo por criminosos na grande São Paulo. 4 pessoas foram presas. Foto: Polícia Federal de SP Polícia Federal de SP Armas de fogo apreendidas pela Polícia Federal no final do ano passado

Em meio à retomada do debate sobre as alterações no Estatuto do Desarmamento pela Câmara dos Deputados, a diretora da Área Programática da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Marilova Noleto, fez um alerta nesta quinta (14), durante a divulgação do Mapa da Violência 2015: o aumento da circulação de armas de fogo na sociedade causará mais mortes.

A diretora da Unesco criticou também as correntes políticas e sociais que defendem a redução da maioridade penal, especialmente no momento em que dados científicos mostram o crescimento da mortalidade juvenil. Para Marilova Noleto, o Brasil vive um “cenário desolador”, com a “banalização” das mortes, principalmente, de jovens.

“Não é possível que nós sejamos coniventes com tantas mortes, sobretudo as precoces, quando falamos em 116 mortes por dia. Um número bem maior do que o de muitos países que vivem conflitos armados. Nos cabe refletir se esse é o momento de examinar cláusulas da Constituição brasileira, como a redução da maioridade penal. Temos que estar muito atentos a isso”, argumentou a diretora da Unesco.

“Sabemos por meio de dados de várias pesquisas que, quando nós armamos a sociedade, criamos condições para mais violência e mais morte. O discurso de que os cidadãos de bem estão desarmados e os bandidos armados não se sustenta em nenhum dado científico. O que sabemos é que quanto mais armas em circulação, mais mortes”, acrescentou Marilova Noleto.

A secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, reconheceu que o país enfrenta um quadro “desesperador” em relação ao número de mortes por armas de fogo e homicídio. “O problema existe, está colocado, não há contestação [por parte do governo federal]. É uma coisa que o governo já vem apontando há tempo, razão pela qual decidamos trabalhar, junto com os governos dos estados, em um pacto para redução dos homicídios”, disse Regina.

Ela também criticou a possibilidade de flexibilização do Estatuto do Desarmamento, ressaltando que as armas de fogo tem como única finalidade provocar morte. “A arma que mais mata no Brasil não é aquela que vem de fora, mas é a fabricada no Brasil. Os dados mostram que 85% das mortes por arma de fogo no país são com [revólver de calibre] 38 fabricado no país. Ou seja, nós mesmo somos aqueles que fabricamos, desviamos o caminho dessas armas. Temos que mudar isso.”

Ivan Richard – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger

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