Bachelet pede “fim de silêncio” sobre desaparecidos na ditadura

  • Por Agencia EFE
  • 08/09/2014 17h34
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Santiago do Chile, 8 set (EFE).- A presidente do Chile, Michelle Bachelet, pediu nesta segunda-feira aos tribunais de justiça mais rapidez na investigação sobre as violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura militar, e pediu o fim do silêncio das pessoas que sabem sobre o paradeiro de detidos e desaparecidos.

“Necessitamos que se faça justiça, que essa justiça seja breve, e necessitamos que, para que isso seja possível, os que tiverem informações relevantes, sejam civis ou militares, as entreguem”, disse Bachelet ao inaugurar um memorial em honra aos 380 funcionários públicos que foram assassinados após o golpe de Estado de 1973.

“É o momento de pôr fim ao silêncio e à impunidade, é o momento de confraternizar na verdade”, declarou a governante.

Bachelet reconheceu que após quase 41 anos depois do golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet, em setembro de 1973, a justiça avança para condenar os responsáveis de torturas e assassinatos, mas não faz isso no “ritmo que a sociedade e os familiares das vítimas” pedem.

As palavras da presidente contrastam com o que foi dito hoje em entrevista pelo comandante-chefe do exército chileno, Humberto Oviedo, que negou a existência de um “pacto de silêncio” institucional para ocultar informação sobre o paradeiro de detidos desaparecidos.

“Eu posso dar fé que no exército que comando hoje não existe esse pacto de silêncio”, declarou Oviedo em entrevista ao “Canal 13”, na qual ressaltou que a instituição colaborou com a Justiça “para entregar a informação disponível”.

Bachelet disse hoje que “custa entender a crueldade” exercida contra tantos chilenos “pelo fato de defender um governo legítimo e por proteger os direitos dos trabalhadores e dos perseguidos”.

Segundo números oficiais, cerca de 3.200 chilenos morreram nas mãos de agentes do Estado durante a ditadura (1973-1990), e 1.192 estão até hoje desaparecidos e suas famílias seguem buscando resposta sobre seus paradeiros.

“Não é possível construir uma democracia sobre o esquecimento, a injustiça, as meias verdades ou mentiras”, sustentou Bachelet, que falou sobre algumas das medidas para reforçar a defesa dos direitos humanos que adotou em seu primeiro mandato (2006-2010). Além disso, a presidente lembrou os compromissos para sua segunda etapa como presidente.

A governante assegurou que vai elaborar “uma política de Estado explícita e integral”, que investigue as atrocidades cometidas durante a ditadura e abranja também novos direitos que surgiram nas “complexas transformações do mundo globalizado”.

Mais especificamente, a presidente chilena se referiu ao reconhecimento e proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes, dos direitos sexuais e reprodutivos, os direitos dos povos indígenas e dos idosos, entre outros. EFE

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