Baixos salários e incentivos transformam a Romênia no novo Vale do Silício

  • Por Agencia EFE
  • 12/10/2014 10h13
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Raúl Sánchez Costa.

Bucareste, 12 out (EFE).- Salários baixos, disponibilidade de bons profissionais e vários incentivos fiscais favoreceram o desembarque de multinacionais da informática na Romênia, ao ponto de alguns especialistas não hesitarem ao se referir ao país como novo Vale do Silício.

O gigante americano Oracle, que já tem 2.200 empregados na Romênia, acaba de anunciar que contratará centenas de técnicos de informática antes do final do ano.

A companhia russa de software Luxoft, que possui 800 profissionais na Romênia, transferirá ao país balcânico cerca de 500 programadores de seus escritórios da Rússia e da Ucrânia, perante a escalada da tensão neste país.

Até mesmo o Deutsche Bank planeja contratar este ano 500 profissionais para seu centro global de tecnologia em Bucareste, onde serão desenvolvidos aplicativos informáticos para os milhões de clientes da entidade em todo o mundo.

Todas as grandes companhias de informática, como Microsoft, Oracle, Vodafone, Adobe, Dell, Ubisoft e Intel, já contam com centros de desenvolvimento na Romênia, e mais de oito mil empresas se instalaram nos últimos anos na periferia de Bucareste.

Diante deste panorama, alguns especialistas asseguram que a Romênia, e Bucareste em particular, não tem de invejar o Vale do Silício, como é conhecida a área da Califórnia onde estão instaladas as grandes companhias de alta tecnologia.

A Romênia conta hoje com mais de 64 mil profissionais da informática, o primeiro da Europa e o sexto do mundo em relação à população total, segundo a consultoria de tecnologia Gartner.

Os salários baixos são parte da explicação para o surgimento desta “Meca europeia” da tecnologia.

Embora o aumento do processo de reivindicação dos profissionais tenha aumentado os honorários, os 1.200 euros líquidos mensais que um técnico de informática romeno pode ganhar hoje ainda está muito longe dos 4 mil que recebe um colega nos países ricos da Europa.

Apesar dessa diferença, esse salário supera amplamente os 350 euros da média salarial do país mais pobre da União Europeia.

Outro fator é a boa preparação dos profissionais e seus conhecimentos de idiomas estrangeiros.

“Os romenos são apaixonados pelas novas tecnologias; costumam usar vários celulares, falar vários idiomas, ao mesmo tempo em que seu grau de profissionalização está em um constante crescimento”, explicou à Agência Efe Manel Ballesteros, diretor da SII Romania, empresa francesa de novas tecnologias.

“Muitas empresas estão avaliando o custo-benefício que a Romênia oferece”, contou Ballesteros.

Outro elemento que atraiu as multinacionais foram os incentivos ao investimento por parte das autoridades romenas.

O governo oferece desde 2012 uma redução das cargas fiscais de 15% a 50% às empresas que contratem o mínimo de 200 pessoas no período de três anos.

IBM e Vodafone já aderiram esta iniciativa e suas buscas vorazes por técnicos de informática provocou escassez de profissionais.

“A demanda por especialistas em novas tecnologias é muito maior do que oferece o mercado atual”, explicou à Efe Andreia Patroiu, diretora da empresa de contratação IT Senior Tech.

As companhias repatriaram romenos que há anos trabalhavam fora do país e ainda contrataram profissionais de países como Moldávia e Bulgária.

É certo que o setor da tecnologia de ponta está ganhando peso dentro da economia romena.

Em 2009 a indústria da informática representou apenas 1,1 % do PIB romeno. No ano passado essa porcentagem triplicou e só as exportações de serviços na área da informática representaram 1,4 bilhão de euros.

“Exportamos 98% do que produzimos”, declarou o técnico de informática romeno Florin Talpes, fundador da empresa de antivírus Bitdefender.

Além dos baixos salários e dos apoios governamentais, o fato de a Romênia ser um paraíso de hackers também contribuiu para criar a fama dos romenos como bons na área.

Segundo estudo da empresa de telecomunicações Verizon, em 2012 a Romênia foi o segundo país, atrás da China, de onde mais saíram ataques de hackers.

“Os hackers romenos conseguiram vender até iates e aviões pela internet”, comentou Talpes. EFE

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