Banco Mundial e ONU querem crescimento que “não deixe ninguém pra trás”

  • Por Agencia EFE
  • 10/04/2014 17h44

Alfonso Fernández.

Washington, 10 abr (EFE).- O presidente do Banco Mundial (BM), Jim Yong Kim, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fizeram nesta quinta-feira um chamado conjunto para eliminar a pobreza em 2030 e a favor de um crescimento sustentável que “não deixe ninguém pra trás”.

Em uma conferência junto com jovens líderes empreendedores, Kim e Ban destacaram que são exatamente os jovens que devem “impulsionar” o esforço e se transformar na “geração que acabe com a pobreza extrema”.

Segundo o último relatório do BM, o número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza, com menos de US$ 1,25 por dia, se situou no início de 2014 em um bilhão, a sétima parte da população mundial, mas menos que os 1,2 bilhões de 2010.

A pobreza extrema veio se reduzindo progressivamente, como porcentagem do total da população mundial, de 28% em 2000 a 18% em 2010, e calcula-se que, no ritmo atual, seja de 9% antes de 2020.

No entanto, segue concentrada em grandes bolsões de pobreza. Apenas cinco países: Índia (33% do total), China (13%), Nigéria (7%), Bangladesh (6%) e República Democrática do Congo (5%), contam com cerca de 760 milhões de pessoas em níveis de pobreza extrema.

No evento, emoldurado na reunião de meio ano do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do BM realizada nesta semana em Washington, a principal instituição de desenvolvimento global reafirmou a necessidade apostar em um crescimento “sustentável”.

“O crescimento econômico foi vital para reduzir a pobreza extrema e melhorar as vidas de muitos pobres. Mas se esta migração em massa das pessoas que saem de pobreza quiser ganhar tração, precisamos de um crescimento inclusivo, que gere emprego e que assista os pobres diretamente”, explicou Kim.

Por sua parte, Ban Ki-moon ressaltou que é uma “responsabilidade política e moral” fomentar um crescimento em “que ninguém fique pra atrás” e ressaltou o “papel fundamental” da juventude.

Ban acrescentou que perante as “dificuldades evidentes” pela magnitude do desafio devemos trabalhar “de maneira conjunta”.

Estes pedidos foram recebidos com otimismo por parte das ONGs, também presentes nas dezenas de conferências e atividades paralelas que acontecem dentro da assembleia de ambos organismos, mas que exigiram medidas concretas contra a desigualdade.

O diretor do escritório da Oxfam em Washington, Nicolas Mombrial, assegurou à Agência Efe que a promessa do BM de aumentar as rendas dos 40% mais pobres do mundo não terá êxito “se as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres seguir aumentando”.

“Em um mundo de recursos limitados, o bolo tem que ser dividido”, ressaltou Mombrial.

O novo relatório do BM enfatizou não só a luta contra a pobreza nos grandes países que registram o maior número de pobres, mas também naqueles onde as carências “são mais persistentes”.

E deu como exemplo os casos da República Democrática do Congo, Libéria, Burundi e Madagascar, onde mais de 80% da população vive com menos de US$ 1,25 por dia.

O BM anunciou recentemente sua decisão de aumentar seus recursos anuais de empréstimo de US$ 50 bilhões para US$ 70 bilhões na próxima década.

A reunião do FMI e do BM, que começou formalmente hoje com as coletivas de imprensa de Kim e da diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, reúne delegados de seus 188 países-membros que discutirão até o próximo sábado os principais desafios econômicos globais, e com constantes referências à desigualdade e à luta contra a mudança climática. EFE

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