Bicicletas na Holanda são fontes de propostas inteligentes e sustentáveis

  • Por Agencia EFE
  • 14/01/2015 06h28

María López Fontanals.

Roterdã, 14 jan (EFE).- Na Holanda a bicicleta é mais do que um meio de transporte, é um estilo de vida que cresce ano a ano e que cada vez conta com mais usuários, e em 2014 registrou um aumento de 6,5%, um fenômeno que deu lugar a novas propostas como a bicicleta inteligente e os trilhos sustentáveis.

Em cidades como Roterdã o aumento do uso da bicicleta nos últimos dez anos foi de 60%, explicou à Agência Efe o vice-prefeito e vereador de Sustentabilidade, Mobilidade e Organização, Pex Langenberg.

“O aumento do uso da bicicleta em Roterdã é evidente. Mais de 70 mil pessoas utilizam de forma cotidiana este meio de transporte, de modo que prevemos a construção de novas infraestruturas, instalações e serviços para as bicicletas tradicionais e as elétricas, já que se trata de um mercado em alta”, explicou.

A cidade dispõe para isso de um plano específico para 2015 que está dotado de 2 milhões de euros, explicou.

Segundo o estudo de mobilidade anual (Mobiliteitsbeeld) publicado pelo Ministério das Infraestruturas e Meio Ambiente holandês, Amsterdã e Utrecht estão nas primeiras posições em termos do uso deste meio de transporte.

O aumento do ciclismo se deve em grande parte ao crescente uso da bicicleta elétrica, com um uso total de 10% da população, especialmente popular entre os maiores de 65 anos.

O setor da população maior de 65 anos é por sua vez a categoria de população com o índice mais elevado de mortalidade devido ao uso deste meio de transporte.

Em 2014, segundo dados registrados até setembro, 184 pessoas perderam a vida por acidente de bicicleta e 745 sofreram algum tipo de ferimento, sendo um total de 124 os maiores de 65 anos que morreram.

Com o objetivo de solucionar este problema, o Ministério de Infraestrutura e Meio Ambiente do país desenvolveu através do Instituto de pesquisa TNO a primeira bicicleta inteligente elétrica.

Está previsto que seja lançada em dois anos por um preço que oscilará entre os 1.700 e 3.200 euros por unidade.

“Através de sensores, uma câmera traseira e um sistema de vibração no assento e no guidom, a primeira bicicleta inteligente avisa ao motorista dos perigos iminentes”, assinalou o pesquisador do Instituto TNO, Maurice Kwakkernaat, ao jornal holandês “Algemeen Dagblad”.

A ministra de Infraestrutura e Meio Ambiente, Mélanie Schultz, se mostra satisfeita com o novo protótipo lançado no mês de dezembro do ano passado.

“É importante que as pessoas continuem usando bicicleta, embora sejam idosos. Com esta bicicleta inteligente podemos ajudar as pessoas a dirigir com maior segurança”, comentou a ministra.

Outras medidas como a redução da velocidade para 25 km/h frente ao máximo de 30 km/h atualmente, foram apresentadas como proposta pelo Governo com o objetivo de garantir que o número de lesões por acidentes de bicicleta diminua, devido sobretudo ao aumento de bicicletas elétricas.

Além de novas propostas, são necessárias novas infraestruturas e neste sentido em Utrecht, cidade que acolherá no próximo dia 1º de julho a saída do Tour de France, está sendo construído o maior estacionamento de bicicletas do mundo junto às instalações da estação central.

Este estacionamento para bicicletas contará com mais de 12.500 vagas e será inaugurado em 2016.

Mas outras infraestruturas também foram construídas em 2014, como é o caso da “Pista Van Gogh”, recentemente inaugurada perto de Eindhoven, obra do projetista social holandês Daan Roosegaarde.

“Trata-se de uma pista inspirada na “Noite estrelada” de Vincent Van Gogh que conta com um sistema que se carrega durante o dia com luz solar para iluminar à noite de maneira sustentável”, explicou Roosegaarde à Efe.

“Com esta pista, da mesma forma que desenvolvemos com as estradas inteligentes, queremos criar infraestruturas sustentáveis e interativas e apostar nas cidades do futuro que unam tecnologia, beleza, sustentabilidade e que conectem as pessoas com a cidade”, acrescentou.

Para Shirley Agudo, fotógrafa americana estabelecida na Holanda há 16 anos que acaba de publicar seu segundo livro sobre a cultura da bicicleta no país, os Países Baixos são “um referencial para o mundo do ciclismo”.

“Serve de inspiração para muitos outros países porque não há outro no mundo que possa ensinar melhor sobre motivação, economia, infraestruturas, sustentabilidade, segurança e saúde vinculados ao mundo da bicicleta”, explicou à Efe.

É por isso que através de seu livro, com mais de 700 fotografias, pretende inspirar e transmitir a mesma fascinação que ela sente pelo uso da bicicleta na Holanda, “um país que vive e respira ciclismo”.

A Holanda conta com 35 mil quilômetros de ciclovia, dos quais 580 quilômetros são asfaltados.

Calcula-se que nesse país, que tem registrados 17 milhões de habitantes, há 18 milhões de bicicletas, das quais 1 milhão são elétricas. EFE

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