‘Abusos inaceitáveis’, afirma defesa de Serra sobre indiciamento pela Justiça

O ex-governador e a filha são acusados de participação em esquema da Odebrecht realizado entre 2006 e 2007 em troca de benefícios para a empreiteira nas obras do Rodoanel Sul

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2020 20h13 - Atualizado em 29/07/2020 20h13
Moreira Mariz/Agência Senado José serra, homem idoso careca, falando ao microfone em sessão do Senado. Ele usa um terno cinza, uma camisa azul e uma gravata preta listrada Ex-governador se tornou réu após Justiça Federal aceitar denúncia da Lava Jato

A defesa do senador José Serra (PSDB-SP) afirmou que o indiciamento dele e da filha, Verônica Allende Serra, pela Justiça Federal são “abusos inaceitáveis”.  Os dois se tornaram réus na Operação Lava Jato nesta quarta-feira, 29, após o juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal Federal, aceitar denúncia apresentada pela força-tarefa bandeirante no último dia 3. De acordo com a defesa do tucano, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu hoje as investigações em andamento na Lava Jato e no Ministério Público Eleitoral.

“Em ambas as esferas, era evidente o excesso e ilegalidade das medidas determinadas contra o senador da República, em clara violação à competência do Supremo Tribunal Federal e em inegável tentativa de criar fantasias relacionadas a seu mandato parlamentar”, informa a nota assinada pelos advogados Flávia Rahal e Sepúlveda Pertence. Os defensores ainda afirmam que a Justiça Federal ter aceitado a denúncia mesmo após a decisão do STF “só confirma, outra vez mais, o desapego à Lei e a Constituição Federal por quem haveria de protegê-las”.

O senador é acusado de receber propinas da Odebrecht entre 2006 e 2007 em troca de benefícios para a empreiteira nas obras do Rodoanel Sul. A Lava Jato de São Paulo apontou que os pagamentos foram ocultados por meio de transações financeiras envolvendo offshores constituídas por Verônica Serra e o empresário José Amaro Ramos, apontado como operador do esquema.

Os procuradores apontam que Serra solicitou o pagamento de propina de R$ 4,5 milhões da Odebrecht e indicou que gostaria de receber o montante no exterior. A denúncia indica ainda que o valor foi pago pela empreiteira ‘supostamente para fazer frente a gastos de suas campanhas ao governo do estado de São Paulo’. Além disso, a Lava Jato diz que Serra recebeu R$ 23,3 milhões entre 2009 e 2010, em contrapartida à liberação de créditos havidos junto à Dersa.

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