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Ações solidárias dão nova perspectiva para pessoas de baixa renda enfrentarem coronavírus

FÁBIO VIEIRAFOTORUAESTADÃO CONTEÚDO

A máxima “são as pequenas ações que movem o mundo” se faz ainda mais presente em dias de pandemia. Durante a grave crise sanitária causada pela Covid-19, que já atinge mais de 1 milhão de pessoas em ao menos 180 países em todo mundo, não foram só os artistas, e os milhões de reais arrecadados em lives de redes sociais, que deixaram a sua contribuição. Pessoas comuns também tentam fazer a diferença na vida de quem sente de forma ainda mais severa os reflexos da doença, do isolamento social, da pobreza e, em casos mais graves, do abandono.

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Essas barreiras despertaram o casal Gabriela Borba, 27,  e Juliano Borba, 38. Juntos, organizam anualmente o “Natal Feliz”, ação que distribui produtos de higiene e cuidados pessoais durante o período de festas há dez anos em São Paulo. Desta vez, abriram uma exceção e rebatizaram o movimento. Batizada de “Campanha Solidária”, a campanha começou há duas semanas e pretende ajudar essa mesma população em vulnerabilidade.

No início, a “vaquinha” foi apenas entre os integrantes da família. “Nos unimos e montamos 200 kits com produtos de higiene pessoal. Ao perceber o tanto de gente que precisaria desse auxílio, decidimos reativar a campanha. É assustador ver quantas pessoas precisam do básico”, conta Gabriela.

Por conta das orientações sanitárias, que impedem o recolhimento das doações, Gabriela e Juliano estão arrecadando dinheiro. Junto com outros cinco voluntários, vão fazer compras, organizar kits e realizar as entregas em dois centros de acolhimento – a Casa Missão Belém, que recebe moradores de rua encaminha dependentes químicos para tratamento, e a Igreja São Francisco, no Centro da capital. Os itens de limpeza serão utilizados para higienizar as dependências das instituições.

A psicóloga lamenta não poder realizar as entregas, como já é de costume. “Gostamos de ficar em contato com as pessoas. Eu fico feliz e eles ficam felizes. É uma coisa simples, até boba, mas que faz diferença.”

Segundo o Censo realizado pela Prefeitura de São Paulo em 2019, cerca de 25 mil pessoas estão em situação de rua na cidade. Esse é o maior número registrado desde que o levantamento começou a ser feito, e 53% maior que a última medição, feita em 2015. Desse total, pouco menos de 12 mil estão acolhidos em centros de atendimento municipais, e quase 13 mil passam todo o tempo nas ruas. A Moóca, bairro da zona leste de SP, concentra quase 20% dessa população.

Na periferia, água e sabão pode ser “privilégio”

O isolamento e a percepção das dificuldades também incentivaram a jornalista e professora de inglês Nívea Correa de Souza, coordenadora do projeto comunitário “Voice – Inglês Para Elas”, que ensina a segunda língua de graça para mulheres da periferia, a embarcar na ideia do amigo jornalista Diego Salgado. A meta era arrecadar R$ 3 mil para comprar 3 mil sabonetes para a população carente do Jardim Colombo, na zona oeste da Capital.

Nívea traça um paralelo da sua profissão com a ação que ajudou a organizar. “Esse tipo de atitude é essencial. Aprender inglês é um privilégio. Lavar as mãos com água e sabão, no Brasil, infelizmente também é. É cruel, real e triste. Foi a forma que eu arranjei de devolver para o mundo tudo que eu não pedi para ter”. Com a ajuda de 45 apoiadores, a vaquinha conseguiu levantar a quantia em apenas dois dias.

 

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