Andrade: empreiteiras acertaram pagar R$ 150 milhões ao PT e PMDB por Belo Monte

  • Por Jovem Pan
  • 07/04/2016 15h30
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Ricardo Joffily/Ascom DPU Usina de Belo Monte

Construtoras combinaram o pagamento de R$ 150 milhões de propina ao PT e ao PMDB pela participação nos contratos da usina de Belo Monte, no Pará. O acordo foi revelado em delação premiada por executivos da empreiteira Andrade Gutierrez, que participou do esquema. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

O ex-presidente da companhia, Otávio Marques de Azevedo, e o ex-executivo Flávio Barra disseram que a Andrade usou dinheiro de propinas de obras superfaturadas da Petrobras para abastecer a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2014. O esquema teria sido aplicado também à usina nuclear de Angra 3, o Complexo Petroquímico do Rio e estádios da Copa (Maracanã, Mané Garrincha e Arena Amazonas).

Os 150 milhões supostamente desviados de Belo Monte corresponde a 1% do que as empreiteiras receberiam pela obra da hidrelétrica. Os recursos teriam sido pagos ao partido do governo federal e seu principal aliado nas campanhas políticas de 2010, 2012 e 2014, por meio de doações legais, registradas no Tribunal Superior Eleitoral.

Havia, porém, um caixa único, que abrigava dinheiro de propina de Belo Monte e recursos de origem lícita.

Seriam repassados R$ 75 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT) e R$ 75 milhões para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Parte do valor destinado ao PT teria composto parte dos R$ 20 milhões da Andrade Gutierrez que irrigaram a campanha de Dilma em 2014.

Imbróglio

O esquema em Belo Monte seria acertado entre a Andrade Gutierrez, a Odebrecht e a Camargo Corrêa. O jornal lembra que em junho de 2010 o trio de empreiteiras desistiu de partilhar a obra por considerar os R$ 19 bilhões oferecidos pela Empresa de Pesquisa Energética).

Oito empresas menores ganharam a licitação (Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Serveng-Civilsan, Contern, Catenco, Gaia, Galvão e J.Malucelli). Teria participado do arranho entre as empresas o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em agosto do mesmo ano (2010), o governo acertou acordo para incluir as três grandes empreiteiras no consórcio. Andrade (18%), Odebrecht (16%) e Camargo (16%) ficaram com metade da obra. O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto atuou para fechar o consórcio com as 11 empreiteiras. Ele teria recebido R$ 15 milhões por meio de contrato da Andrade Gutierrez com a empresa de um sobrinho, diz o jornal.

O custo total da usina de Belo Monte, cujas obras começaram em 2011, está estimado em R$ 31,5 bilhões.

O PMDB e o PT negam irregularidades em suas campanhas políticas. A campanha de Dilma também disse que tudo o que recebeu foi legal.

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