Andrade Gutierrez diz que doação a campanha de Dilma em 2014 teve propina de obras superfaturadas

  • Por Jovem Pan
  • 07/04/2016 11h27
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Agência EFE dilma rousseff votando 2014

O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, delatou que usou dinheiro de propinas de obras superfaturadas da Petrobras para abastecer a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2014. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com a publicação, Azevedo entregou à Procuradoria-Geral da República uma planilha que sistematizava o esquema, feito por meio de doações registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A colaboração premiada do ex-presidente e de Flávio Barra, outro ex-executivo da Andrade Gutierrez, ainda precisa de ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Ao todo 11 funcionários da Andrade Gutierrez prestaram depoimentos e todos estão soltos atualmente. O acordo envolve indenização de R$ 1 bilhão da empreiteira aos cofres públicos e promessa de mudar o relacionamento com o governo.

A Andrade Gutierrez doou R$ 20 milhões à campanha de Dilma em 2014, no último pleito presidencial. De acordo com a Folha, R$ 10 milhões estariam vinculados à participação da empreiteira em contratos de obras públicas, não apenas com a Petrobras, mas também do setor elétrico. As campanhas políticas de 2010 (presidencial, de Dilma) e 2012 (municipais, para o Diretório do PT) estariam incluídas nos repasses.

Azevedo fala na parte das doações de “compromissos com o governo” e a porção “republicana”, da empresa. Na tabela não há referências a doações a adversários de Dilma, como do PSDB. De acordo com os delatores, até 2008, os valores doados aos vários partidos eram similares.

O jornal ressalta que não é explícito se o dinheiro destinado a Dilma chegou por meio de doações ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores ou diretamente à sua campanha.

Teriam sido usadas para extrair a propina obras na hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, a usina nuclear de Angra 3, no Rio, e o Complexo Petroquímico do Rio, obras já investigadas pela Lava Jato e que estão entre as dez maiores do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

O jornal diz também que Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e um dos chefes da campanha de Dilma de 2010, ajudou a esquematizar o repasse de propinas. Palocci seria o “representante do governo” e da ex-ministra-chefe da Casa Civil de Dilma, Erenice Guerra, à época em que a obra em Belo Monte era ajustada.

A partir da hidrelétrica, cujas responsáveis eram a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, o esquema de pagamentos cresceu.

PMDB

A delação da empreiteira nvolve também o pagamento de propinas a estádios da Copa do Mundo de 2014 (como Maracanã, no Rio, Mané Garrincha, em Brasília, e Arena Amazonas) e atinge também o PMDB, segundo o jornal.

Outro lado

Flávio Caetano, advogado que coordena o jurídico da campanha de Dilma, disse à Folha que “toda arrecadação da campanha da presidenta de 2014 foi feita de acordo com a legislação eleitoral em vigor” e garantiu que “jamais a campanha impôs exigências ou ficou valores” de doações.

De acordo com Caetano, “em nenhum momento (…) o representante da Andrade Gutierrez mencionou obras ou contratos da referida empresa com o governo federal” no contato com a tesouraria da campanha de Dilma.

O coordenador jurídico também lamentou o instrumento delação premiada ser, em suas palavras, “utilizado politicamente por meio de vazamentos seletivos”, acrescentando que a “afirmação inverídica” alimenta “argumentos daqueles que querem instaurar um golpe contra um mandato legitimamente eleito pelo povo brasileiro”.

A nota também questiona doações de andrade Gutierrez à oposição. A empreiteira deu R$ 200 mil a mais para Aécio Neves (PSDB) do que para Dilma, mas o tucano não é citado nos depoimentos.

Antonio Palocci também negou que tenha participado da captação de doações para Dilma em 2014 e das negociações para a construção de Belo Monte. O advogado de Palocci classificou a citação de seu cliente como uma “mentira deslavada”.

Erenice Guerra não quis se manifestar até ter o conhecimento dos termos da delação.

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