Após três anos, blocos retornam às ruas de São Paulo desfalcados pela Covid-19, mas com ‘promessa de calor humano’

Alguns cordões carnavalescos não resistiram à pandemia, outros tiveram de cortar custos para sobreviver; quem ainda está de pé vislumbra volta triunfante às vias paulistanas

  • Por Guilherme Strabelli
  • 21/01/2023 08h00
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Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo - 09/02/2016 Bloco lotado no centro de São Paulo Mais de 500 blocos deverão desfilar pelas ruas de São Paulo neste ano

Depois de três anos sem desfiles, os blocos do Carnaval de rua de São Paulo voltarão às ruas da capital paulista em fevereiro deste ano. A última vez que os foliões puderam curtir o evento foi em 2020, antes do lockdown provocado pela pandemia de Covid-19. Em 2021 e 2022, não houve desfile, já que evento foi cancelado pelas autoridades. Com toda essa demanda reprimida, mais de 500 blocos deverão desfilar pelas ruas paulistanas nos dias 11, 12, 18, 19, 20, 21, 25 e 26 de fevereiro (ou seja, os finais de semana do próximo mês, com exceção do primeiro). A expectativa da Prefeitura de São Paulo é que mais de 14 milhões de pessoas estejam envolvidas nos desfiles dos blocos, que se concentrarão em regiões centrais da cidade como Sé, República, Pinheiros e Vila Mariana. Grandes artistas deverão participar da folia paulistana, entre eles, estão Alceu Valença, Lexa, Pabllo Vittar, Michel Teló e Baiana System.

Em entrevista ao site da Jovem Pan, o empresário Zé Cury, fundador e coordenador do Fórum de Blocos de São Paulo e diretor do bloco Me Lembra Que Eu Vou, falou sobre as expectativas para o retorno dos desfiles em São Paulo. Para ele, mesmo com uma “grandeza menor que em 2020”, o evento será “espetacular”. “O retorno do Carnaval de rua de São Paulo vai ser muito legal, vai ser espetacular. Talvez não com a grandeza de 2020, porque muitos blocos não conseguiram ficar ativos nestes anos de pandemia a ponto de estarem prontos para retornar neste ano”, ponderou Cury. Também à Jovem Pan, Fábio Lopes, fundador e presidente do bloco Não Serve Mestre, destacou que, apesar da pausa forçada pela pandemia, não foi difícil encontrar foliões. São outras as dificuldades com as quais convivem os cordões paulistanos. “Os blocos de São Paulo encontram problemas diversos: falta de patrocínio, invasão de blocos de outros Estados, falta de diálogo aberto com o poder público etc. Os desafios são inúmeros. Porém, encontrar pessoas para participar não foi um deles. As pessoas gostam de cultura popular e de ser divertir no Carnaval. Desde que seja seguro e a ciência libere a festa”, disse Lopes.

Cury destacou que blocos que trabalham mais próximos às suas comunidades sofreram para continuar funcionando durante a pandemia de Covid-19. Entretanto, mesmo com as mudanças necessárias para sobrevivência dos bloquinhos, a festa deverá trazer novidades e “muita alegria” às ruas da capital. “Tem muita gente que vai diminuir o desfile, mudar um pouco o sistema de trabalho para enxugar custos… Mas, por outro lado, todo mundo que está participando e organizando a festa está com muita vontade. A promessa é muita alegria na rua, muita novidade e um calor humano que não vai ter como dimensionar.” Mas, embora a pior fase da pandemia já ter passada, foram adotadas medidas sanitárias para os desfiles. Segundo o presidente, da Não Serve Mestre, pessoas não vacinadas não irão se juntarão aos foliões. “Exigimos que todos os nossos componentes estejam vacinados com as quatro doses. Se não se vacinou não pode participar do bloco, afirmou Fábio Lopes.

Uma alternativa que os blocos encontraram para não ficar parados durante os dois anos de pandemia foi migrar parcialmente para o ambiente online. Lopes relata que seu bloco fez diversas transmissões ao vivo com figuras do Carnaval e produziu conteúdos voltados para as redes sociais. Cury contou que a oficina de ritmistas do Me Lembra Que Eu Vou investiu em aulas online com os diretores e chegou a ter 50 alunos matriculados durante o período.

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