Assessor de Collor foi laranja em compra de R$ 6 milhões em imóveis, diz PGR

  • Por Jovem Pan
  • 12/10/2019 12h36
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ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO Collor disse estar "indignado" com o envolvimento de seu nome no caso

Tarso de Lima Sarmento, assessor parlamentar júnior de Fernando Collor (PROS-AL), ganha R$ 4,6 mil mensais líquidos do Senado Federal, mas é apontado como o laranja do parlamentar na compra de R$ 6 milhões em imóveis adquiridos em cinco leilões. A informação consta em representação da Procuradoria-Geral da República (PGR) pela deflagração da Operação Arremate nesta sexta-feira (11).

Os 16 mandados de buscas autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, em 26 de setembro, foram requeridos no dia 9 do mesmo mês pela então procuradora-geral, Raquel Dodge. Em representação ao ministro, ela conta que as investigações nasceram de um denunciante que foi preservado ‘por temer represálias’, mas que já apontava Tarso como homem de confiança de uma ‘pessoa muito influente’.

A Procuradoria da República em Alagoas chegou a pedir o arquivamento da investigação, que foi rejeitado pela 13ª Vara Federal do Estado. O caso foi remetido à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, que também não concordou e determinou mais diligências, além de trocar o procurador do caso.

Em nova investigação, o Ministério Público Federal (MPF) chegou à conclusão de que os valores dos imóveis arrematados por Tarso foram, em parte, pagos pela empreiteira CCB Engenharia, que, segundo os investigadores, possui contratos ‘vultosos’ com o Estado de Alagoas. Ainda foi descoberto que Tarso faz transações financeiras com o filho de Collor, que chegou a emprestar ao assessor R$ 830 mil.

Uma Range Rover de motor V8, declarada pelo próprio Senador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2018, estaria, na verdade, em nome do CPF do assessor. “Ademais, o próprio Tarso declarou ter efetuado o pagamento com valores transferidos pela pessoa jurídica CCB Engenharia”, afirma a PGR.

Dogde narrou como se deu, por exemplo, a aquisição de um imóvel de R$ 1,7 milhão. “Essa dinâmica de pagamentos evidencia que o pagamento do bem arrematado por Tarso de Lima Sarmento no valor de R$ 1. 700.000,00 foi realizado, integralmente, com recurso oriundos da pessoa jurídica CCB Engenharia, futura compradora do bem pela quantia de R$ 2.065.000,00 e pessoa jurídica que teria emprestado, anteriormente, R$ 1.600.000,00.”

No ano de 2010, época das transações, o assessor declarou rendimentos de R$ 39 mil à Receita. Seus imóveis chegavam a R$ 358 mil. “Observou-se também a existência de diversos depósitos feitos na conta pessoal de Tarso Sarmento que, somados, ultrapassam o montante de R$ 500.000,00 entre setembro e outubro de 2010”.

A ex-procuradora-geral ainda lembra que o período de 2010 e 2014 é contemplado em denúncia contra o senador por supostas propinas na BR Distribuidora. Em alegações finais, a Raquel chegou a pedir 22 anos, 8 meses e 20 dias de cadeia para Collor. Os esquemas, segundo ela, chegam a R$ 50 milhões em propinas.

Em sua página do Twitter, Collor escreveu: “Estou indignado com a tentativa de envolver meu nome num assunto em que não tenho nenhum conhecimento ou participação. Trago a consciência tranquila e a certeza de que, mais uma vez, ficará comprovada a minha inocência.”

*Com Estadão Conteúdo

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