Aumento da temperatura pode elevar em quase cinco vezes mortes relacionadas a calor extremo até 2050, diz estudo

Relatório considerou um aumento médio de 2ºC no aquecimento mundial; no Brasil, a temperatura subiu mais de 5ºC acima da média nos últimos dias

  • 15/11/2023 11h52 - Atualizado em 15/11/2023 11h55
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BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO Calor Ondas de calor também podem levar cerca de 525 milhões de pessoas a um cenário de insegurança alimentar

O aumento da temperatura global pode aumentar em 4,7 vezes o número de mortes por ano relacionadas aos efeitos do calor extremo até 2050, segundo um estudo publicado no The Lancet, nesta terça-feira, 14. A avaliação contou com a colaboração de mais de 100 especialistas de 52 instituições de pesquisas e agências da Organização das Nações Unidas (ONU) que avaliam os impactos das mudanças climáticas na saúde. O relatório considerou um aumento médio de 2ºC na temperatura, comparando os níveis atuais ao registrado durante o período pré-industrial até o fim do século. No Brasil, nesta semana, a temperatura subiu mais de 5ºC acima da média por mais de 5 dias. “Os riscos para a saúde de um mundo 2°C mais quente sublinham o imperativo sanitário de acelerar a ação contra as mudanças climáticas. Com os limites da adaptação cada vez mais próximos, uma mitigação ambiciosa é fundamental para manter a magnitude dos riscos para a saúde dentro dos limites da capacidade de adaptação dos sistemas de saúde. No entanto, anos de alertas científicos sobre a ameaça à vida das pessoas foram recebidos com medidas manifestamente insuficientes” afirma o relatório.

E a população mundial já tem sentido os efeitos do aumento da temperatura. Mortes ligadas ao calor de pessoas com mais de 65 anos aumentaram 85% entre 2013 e 2022. Ondas de calor também podem levar cerca de 525 milhões de pessoas a um cenário de insegurança alimentar. Os adultos com mais de 65 anos e as crianças com menos de 1 ano, para quem o calor extremo pode ser particularmente perigoso, estão agora expostos ao dobro dos dias de ondas de calor do que teriam vivido entre 1986 e 2005. As alterações nas condições climáticas também colocam mais populações em risco de contrair doenças infecciosas potencialmente fatais, como a dengue e a malária.

Nesta semana, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de grande perigo por conta dos efeitos da onda de calor que assola o Brasil. Com a temperatura subindo mais de 5ºC acima da média por mais de 5 dias, o órgão informou que as condições climáticas representa um risco à saúde. A onda de calor atinge principalmente a região Centro-Oeste, Sudeste e parte do Norte do Brasil. Estados que foram colocados em alerta de grande perigo por conta da onda de calor foram Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Tocantins. Pernambuco também está em alerta de grande perigo por conta da baixa umidade. Outras localidades foram classificadas como em perigo ou perigo potencial.

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