Bolsonaro diz para empresariado ‘jogar pesado’ com João Doria

‘A questão é séria, é guerra’, disse o presidente. Segundo Bolsonaro, está em curso uma ‘tentativa política de quebrar a economia para atingir o governo’

  • Por Jovem Pan
  • 14/05/2020 14h13 - Atualizado em 15/05/2020 07h11
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Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Jair Bolsonaro é o atual presidente da República do Brasil

O presidente Jair Bolsonaro estimulou nesta quinta-feira (14) o empresariado a “jogar pesado” com o governador de São Paulo, João Doria, para evitar o bloqueio total no estado como medida de combate ao novo coronavírus.

Em videoconferência promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Bolsonaro disse que há “uma guerra” e que existe uma “tentativa política de quebrar a economia” para atingir seu governo. “O que parece que está acontecendo parece uma questão política, tentando quebrar a economia para atingir o governo.”

Bolsonaro criticou as medidas de bloqueio total que passaram a ser consideradas por Doria, um de seus principais adversários políticos. São Paulo tem 54.296 casos confirmados de novo coronavírus e 4.315 mortes.

“Um homem está decidindo o futuro de São Paulo, o futuro da economia do Brasil. Os senhores, com todo o respeito, tem que chamar o governador e jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra. É o Brasil que está em jogo, se continuar o empobrecimento da população daqui a pouco seremos iguais na miséria”, afirmou.

O presidente defendeu a abertura rápida do mercado e providências imediatas para evitar consequências como possibilidade de “caos”, “saques” e “desobediência civil”. Segundo ele, neste caso não adiantará convocar as Forças Armadas porque não haverá militares suficientes para atuar na Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

“Lá na frente, eu tenho falado até com o ministro Fernando (Azevedo), da Defesa, os problemas vão começar a acontecer, de caos, saques de supermercado, desobediência civil. Não adianta querer convocar as Forças Armadas que não vamos ter gente para tanta GLO. Não existe gente para tanta GLO. E o povo vai estar na rua, em grande parte, por estar passando fome. E homem com fome não tem razão, ele perde a razão.”

Bolsonaro citou o decreto no qual incluiu academias, salões de beleza e barbearia na lista de serviços essenciais. Na semana passada, o presidente já havia incluindo na relação a construção civil e atividades industriais.

Críticas a Rodrigo Maia

Na mesma videoconferência, Bolsonaro também criticou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por suas indicações de relatorias de matérias enviadas pelo governo.

“De acordo para quem o comando da Câmara dá a relatoria, ele já sinaliza que não quer resolver nada. Parece que quer afundar a economia para ferrar o governo e talvez tirar um proveito político lá na frente”, declarou.

O presidente pediu para que “se atentem” a como funciona o “poder em Brasília”. Bolsonaro criticou especificamente a entrega da relatoria da medida provisória de flexibilização da jornada de trabalho e salários para um parlamentar do PCdoB.

Na semana passada, Maia designou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) como relator da MP 936/2020, que permite a empresas reduzir salários com redução proporcional de jornada durante a crise do coronavírus.

“Não é desabafo, é uma realidade. Entregar a relatoria da flexibilização do contrato para o PCdoB é para não resolver”, disse. E acrescentou, novamente sem citar diretamente Maia: “Tem gente que não é do governo, tá lá dentro de outra Casa que não quer resolver o assunto, parece que fizeram acordo com a esquerda”, declarou.

Sem entrar em detalhes, o presidente disse que com a relatoria nas mãos do partido a tendência do Brasil é “afundar”. “Quando se bota alguém do PCdoB… Só no Brasil mesmo, o Partido Comunista do Brasil falar em democracia e liberdade do trabalho, só no Brasil mesmo. Então a tendência é a gente afundar mesmo, essa que é a tendência.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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