‘Governo não vai manipular preço do diesel’, diz Guedes

  • Por Jovem Pan
  • 16/04/2019 20h15 - Atualizado em 16/04/2019 21h05
Marcos Corrêa/PR Guedes disse que é "absolutamente natural" que o presidente se preocupe com a dimensão política do reajuste

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta terça-feira (16) que, quando ligou para o presidente da Petrobras, Bolsonaro pensou nas consequências políticas que um reajuste de 5,7% no preço do óleo diesel poderia ter, e que não ele se preocupa “apenas” com o mercado. Guedes manifestou confiança no presidente e negou qualquer mudança na regra de reajuste de preços. Segundo o ministro, a decisão de Bolsonaro de suspender a revisão foi motivada por preocupações políticas e com uma possível greve de caminhoneiros.

“Acho que o presidente da República tem uma preocupação maior do que apenas a preocupação do mercado. Tenho que reconhecer que o presidente representa 200 milhões de pessoas e que ele pode estar preocupado com uma greve”, ressaltou o ministro.

De acordo com ele, mesmo que tivesse subido 5,7%, o preço do diesel ainda estaria abaixo do que foi em maio do ano passado, quando a alta no valor levou à paralisação da categoria. Ele disse que Bolsonaro falou que estavam “jogando diesel” no seu “chopp”, enquanto o governo comemorava 100 dias de gestão.

“Ficou claro que tinha duas dimensões. Tem uma dimensão econômica que é a integridade da prática de preços da Petrobras. Ficou muito claro a preocupação (do presidente) em relação aos caminhoneiros. Eles fizeram uma lista com 13 razões de preocupação, e a 12ª era o diesel”, completou. “O Presidente pediu para que explicássemos o aumento. Não foi decisão de política econômica que ele tomou. Se fosse para criar regra de política nova, o presidente teria conversado comigo”, disse.

O ministro afirmou, ainda, que Bolsonaro “deixou claro que está fora de qualquer propósito de manipulação de preço, congelar, segurar”.

“Quem estabelece as práticas de preço é a Petrobras. A maior demonstração que podemos dar de que foi uma reunião de esclarecimento é que não saímos com o preço dos combustíveis fechado. O presidente da Petrobras tem o encargo de tornar cada vez mais transparente a política de preços. O que está claro é que tem uma dimensão econômica a ser respeitada para não colocar em risco nossos leilões. É a Petrobras que decide o reajuste, não é o ministro da Economia ou o presidente da República. A Petrobras é realmente independente para estabelecer o preço de petróleo”, disse Guedes.

O ministro lembrou que estava nos Estados Unidos, em reunião do FMI, quando ficou sabendo do “incidente de que houve percepção de que o presidente interferiu” no reajuste, que acabou não sendo feito pela estatal.

O ministro da Economia afirmou, também, que o governo separou a política de preços da Petrobras das demais preocupações dos caminhoneiros. Ele citou as medidas estruturantes anunciadas mais cedo para o setor de transporte rodoviário, como o cartão caminhoneiro e o crédito para caminhoneiros autônomos.

Monopólios

O ministro Paulo Guedes reiterou que, no médio prazo, o governo pretende fazer privatizações no setor de distribuição de petróleo e gás e mudar a regulamentação para atacar monopólios e cartéis no mercado de energia. Segundo ele, essas mudanças vão tornar a energia mais barata nos próximos anos.

“Nossa convicção é de que vamos para um choque de energia barata, não só no petróleo, mas também no gás. Precisamos tirar esse problema do colo do governo, algo que existe no Brasil por conta de monopólios”, acrescentou.

*Com informações do Estadão Conteúdo e Agência Brasil

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