Brasil ‘faz acontecer’ quando o assunto é empreendedorismo, diz co-fundador da Tesla

Marc Tarpenning, que palestrou no primeiro dia do Silicon Valley Web Conference, patrocinado pela Jovem Pan, afirma que inovações em tecnologia devem se voltar para o setor alimentício nos próximos anos

  • Por Jovem Pan
  • 01/10/2020 22h31 - Atualizado em 02/10/2020 00h18
Reprodução Marc Tarpenning é co-fundador da Tesla, gigante mundial que produz carros elétricos

Marc Tarpenning sempre esteve à frente do seu tempo. Durante palestra no Silicon Valley Web Conference, evento realizado pela StartSe com apoio da Jovem Pan, o programador que começou com disks drivers, passou pelos e-books, quando o assunto ainda estava longe de ser popular, e ajudou a fundar a Tesla, a maior empresa de carros elétricos em todo o mundo, hoje presidida por Elon Musk, deixou suas lições para os jovens empreendedores do setor da tecnologia que sonham com o Vale do Silício. “Talvez a coisa mais legal do momento seja o machine learning, as linguagens da tecnologia. Nessa área, é muito fácil empacar. Não estacione – sempre teste, arrisque, e não tenha medo de mudar o foco. Eu sou programador, costumava a trabalhar com dispositivos de segurança física, mas achava chato. Fui para o disk driver, depois para os livros eletrônicos, carros elétricos. O segredo é ser flexível”, diz. Para ele, o povo brasileiro tem naturalmente uma característica para “fazer e acontecer”. “O Brasil é a maior economia da América Latina. Talvez seja uma impressão como americano, mas sempre tiveram uma mentalidade aberta, essa reputação, esse espírito de ‘vamos para frente’. É o que os empreendedores adoram. E é assim que o ecossistema faz acontecer. Mesmo quando governos não ajudam, vocês fazem. Isso é muito Vale do Silício”, disse.

Envolvido com as questões sustentáveis desde o início da Tesla, o executivo aponta que os investimentos e inovações em tecnologia devem se voltar para o setor alimentício nos próximos anos. “Claramente está se tornando um foco desse dinheiro. Não só a agricultura tradicional, com foco na produtividade, com o controle de quanta água será utilizada na irrigação, reduzindo o uso de pesticidas para apenas a quantidade necessária. Tem muita coisa interessante.” Ele cita o exemplo do que chama de “carnes alternativas”. “O ‘impossible burguer’, não sei se já chegou no Brasil, é feito de vegetais e se aproxima muito do gosto real. A engenharia por trás, para trazer o sabor similar. Tem uma empresa que está indo muito bem na Bolsa nesse setor. Além da carne cultivada, que são ‘carnes’ vermelhas, brancas, que você produz sem boi, sem frango”, conta ele, que avalia os investimentos como “arriscados” ao esclarecer porque não estão ainda disponíveis.

Tarpenning acredita que a agricultura ainda não é um setor sustentável, e que os próximos anos vão ser de grandes transformações. “O reflorestamento vai ser muito importante na Califórnia, estamos passando por muitos incêndios. Imagine que ao passar com drones soltando bolsinhas de sementes sobre a terra, com aditivos para que elas cresçam, é possível reflorestar de uma forma muito mais barata do que se mandasse uma equipe ao local.” Mesmo fora da Tesla desde 2008, ele lembra como foram os primeiros anos da empresa de carros elétricos. “Conseguir o dinheiro era muito difícil. Ninguém achava que uma empresa de carros elétricos poderia existir – muito menos que a gente pudesse abrir uma empresa com investimento de terceiros. Mas fomos na comunidade de investidores e encontramos um pessoal que estava disposto”, relembra.

Elon Musk, atual CEO da Tesla e da SpaceX, de serviços aeroespaciais, foi um dos que ouviu a equipe da montadora. “Elon liderou a primeira rodada de investimentos, uma das coisas mais fantásticas quando fomos fazer a apresentação para ele, era que ele estava preocupado em investir em foguetes. As vezes a gente entrava em uma empresa, e o investidor dizia que éramos uma empresa maluca. Não nos colocaram para fora porque nossa ideia era louca demais”, diz.

O executivo diz que não era possível imaginar o tamanho que a empresa atingiria. “É sempre um sonho. Eu saí da Tesla em 2008, foi uma jornada maravilhosa. Nossos clientes estavam animados, orgulhosos”, conta. “Na época, estávamos fazendo uma transição para o mercado de sedans, que é o carro que mais se vende. Eu achava que a gente tinha muitas chances. Por razões pessoais, optei por sair, mas não imaginei que seria tão bem sucedida. Quando Elon se tornou o CEO, e já era investidor, levou a empresa para um nível que eu nunca teria imaginado.”

O evento

O Silicon Valley Web Conference é um evento online organizado pelo portal StartSe e que promete ser a maior experiencia digital sobre inovação, tecnologia e transformação digital da América Latina. Serão 30 dias, até 30 de outubro, das 18h30 às 22h, que vão mudar a visão de mundo, dos negócios e da carreira dos participantes. O evento terá 100 horas de conteúdo relevante, divididos em mais de dez jornadas com os temas: AgroTech, MobTech, EdTech, LegalTech, FinTech, ConstruTech, TravelTech, VarejoTech, HealthTech, Investimentos & Venture Capital, e Cultura e Pessoas.

Os maiores nomes do mundo, que são referência em suas áreas de atuação, são alguns dos palestrantes confirmados no time de peso do Silicon Valley Web Conference. Entre eles, Tim Draper, que está entre os três maiores investidores de risco do Vale do Silício e já investiu em empresas como Tesla, SpaceX e Twitter; e Nicole Stott, astronauta da NASA por 27 anos. No dia 13, a conversa é com Henrique Dubugras, co-fundador da Fintech BREX. Carlos Aros, jornalista da Jovem Pan especialista em tecnologia, será o entrevistador. Já no dia 27, Barbara Minuzzi, fundadora e CEO da Umana, e Adrian Grenier, ativista ambiental e co-fundador da DuContra Ventures falarão aos participantes do evento – a mediação ficará com a jornalista Paula Carvalho, também da Jovem Pan.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.