Vacinação contra Covid-19 é suspensa por falta de doses em ao menos 5 capitais
Além das que já paralisaram as campanhas, algumas cidades não têm imunizantes para ampliar o público-alvo e aguardam a entrega do governo federal
Pouco mais de um mês após o início da vacinação contra a Covid-19 em todo o território nacional, pelo menos quatro capitais brasileiras suspenderam os calendários de imunização por falta de doses, distribuídas pelo governo federal aos estados. Em Campo Grande, Salvador, Rio de Janeiro e Curitiba, a aplicação de todas as primeiras doses dos imunizantes foi suspensa, respectivamente, nos dias 15, 16, 17 e 19 deste mês. Na cidade de Cuiabá, o posto que atendia ao público também parou a vacinação de parte do grupo prioritário e só aplicará a primeira dose em cerca de 300 idosos acamados previamente cadastrados junto à prefeitura. Todas as cidades garantiram a aplicação da segunda dose naqueles que já foram imunizados.
Além das cidades que já paralisaram as campanhas, pelo menos outras quatro capitais brasileiras não têm doses para ampliar o público-alvo da vacinação e aguardam a entrega do governo federal, que promete o abastecimento de mais 4,7 milhões de doses aos estados até o começo de maio. “Estamos com as últimas doses dos lotes recebidos anteriormente, mas já está sinalizado pelo Ministério da Saúde que na próxima semana os municípios do Brasil receberão mais doses para que a gente possa prosseguir nessa campanha e rapidamente concluir essa primeira fase”, afirmou a secretária de Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite. Até o momento, a capital cearense imunizou mais de 100 mil pessoas, mais da metade dessas são profissionais da saúde e o resto é formado por idosos institucionalizados e maiores de 75 anos. Confira, abaixo, a situação dos imunizantes em outras capitais do país:
Porto Alegre
A capital do Rio Grande do Sul tem pouco mais de 4 mil doses para aplicação no grupo de idosos com mais de 83 anos. Até o momento, 84% deste público alvo foi vacinado e a secretaria de Saúde do município garante que não faltará doses de imunizantes para pessoas nesta idade. “Trabalhamos com a expectativa de nova remessa de vacinas na próxima semana, em dia a ser confirmado”, pontuou nota do órgão.
Natal
Segundo dados do portal de transparência de vacinação do estado do Rio Grande do Norte, a capital Natal tem pouco mais de 13,4 mil doses restantes das 42 mil recebidas para aplicação no público na primeira remessa. No momento, os grupos prioritários atendidos no estado são os trabalhadores da saúde, idosos institucionalizados, idosos com mais de 75 anos e a população indígena e quilombola. Todos os grupos já começaram a receber a segunda dose do imunizante.
Florianópolis
A prefeitura da capital de Santa Catarina informou que, na cidade, restam apenas “algumas poucas doses aplicadas em idosos com busca ativa”. A administração não descarta a possibilidade de faltar doses para continuar a vacinar os profissionais da saúde. “As doses que recebemos atendem apenas a cerca de 30% dos profissionais de saúde e não temos para iniciar a vacinação do grupo de 75 a 90 anos. Quando mais doses forem enviadas pelo Ministério da Saúde, ampliaremos a vacinação”, pontua a nota.
Recife
A capital de Pernambuco, que vacina atualmente a população com 80 anos ou mais, afirmou que há doses suficientes para aplicar a CoronaVac nos grupos agendados até o momento, mas a ampliação da população contemplada depende do envio de novas doses por parte do Ministério da Saúde. “Sobre a vacina de Oxford/Astrazeneca, a Sesau espera receber dentro do prazo para segunda dose nova remessa, para finalizar o esquema vacinal das que tomaram este imunizante. A ampliação da população contemplada depende do envio de novas doses por parte do Ministério da Saúde”, afirmou.
São Paulo
Em entrevista à Jovem Pan na última terça-feira, 16, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, descartou a possibilidade de falta de vacinas na cidade no futuro. No próximo dia 1º, a capital deve iniciar a vacinação de idosos entre 80 e 85 anos. A aplicação do imunizante em moradores de rua acima dos 60 anos e em profissionais da saúde está mantida. “Estamos administrando as doses das vacinas de forma eficaz, não temos nenhuma previsão de falta de vacinas para esse contingente. A gente tem procurado ter muito rigor na vacinação e cumprir o que foi estabelecido pelo protocolo do Ministério da Saúde”, pontuou
Manaus
Em reunião com o Ministério da Saúde no último dia 15, o prefeito da capital amazonense, David Almeida, informou que novos lotes da vacina devem ser recebidos nos dias 22 e 28 deste mês. A cidade, que imuniza pessoas a partir dos 70 anos, já vacinou 111.764 pessoas e quer finalizar a aplicação de doses nos grupos prioritários ainda no mês de março para passar a atender a população plena. Os altos números de vacinação na cidade com pouco mais de 2 milhões de habitantes são reflexo de um acordo nacional de secretários para tentar frear a pandemia no estado do Amazonas, que registrou caos na saúde pública e teve quase o dobro da média nacional de mortes por cem mil habitantes pela Covid-19 no começo do ano.
Mudança no plano de vacinação e distribuição de doses para o país
A escassez de vacinas nos municípios ocorre em um momento no qual o Ministério da Saúde articula uma modificação na vacinação do país. Em reunião com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) nesta sexta-feira, 19, o ministro Eduardo Pazuello afirmou que nas próximas rodadas de imunização, as cidades não devem fazer reserva de doses, e sim aplicar todas as disponíveis no maior número de pessoas possível. A justificativa dada para isso foi de que em duas semanas o país estará “produzindo a pleno” e teria capacidade de abastecimento garantida. O novo plano de Pazuello vai imunizar o dobro da quantidade de pessoas que seriam inicialmente vacinadas com a primeira dose da vacina, mas pode ser prejudicado caso haja algum atraso na fabricação dos imunizantes, o que já ocorreu no Brasil. Ainda na quinta-feira, o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, publicou um vídeo criticando o Instituto Butantan por só entregar 30% das doses da CoronaVac prometidas em contrato ao país para o mês de fevereiro.
Segundo ofício enviado pela fabricante nacional da CoronaVac ao Ministério da Saúde, o atraso na entrega se deve à demora na chegada do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da China, que deveria ter sido recebido até o dia 7 de janeiro, mas só chegou no dia 3 de fevereiro ao país. Também nesta sexta, o Ministério da Saúde afirmou que as 2,7 milhões de doses disponibilizadas pelo Instituto Butantan se somarão a 2 milhões de doses do imunizante da Universidade de Oxford/AstraZeneca importadas da Índia e serão distribuídas até o fim de fevereiro para todo o Brasil. A expectativa da pasta é que no mês de março 21 milhões de vacinas CoronaVac e 18 milhões de Oxford/AstraZeneca sejam recebidas, garantindo, assim, o reforço da primeira dose. A segunda dose do imunizante do Butantan deve ser aplicada entre 14 e 28 dias após a primeira, a depender da orientação do fabricante. A da vacina de Oxford, pode ser aplicada em até três meses.
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