Campanha promove cultura de doação no País e tenta contrapor queda em ranking de solidariedade

  • Por Marina Ogawa/Jovem Pan
  • 27/11/2018 07h20 - Atualizado em 27/11/2018 07h32
Pixabay Enquanto muitos deixaram de praticar essa solidariedade medida pelo ranking, ainda há inúmeros que permanecem na busca por ajudar o próximo

Enquanto o Brasil cai no ranking mundial de solidariedade, ainda há quem tente reforçar a cultura de doação no País. É o que a Giving Tuesday (“terça-feira de doação”, em tradução literal) propõe. Criada em 2012 nos Estados Unidos, a data acontece após o Dia de Ação de Graças, Black Friday e Cyber Monday, e desde 2013 ocorre também no Brasil. Neste ano, a ação cai no dia 27 de novembro.

Batizada de “Dia de Doar”, a campanha mobiliza o País para praticar a solidariedade, e é realizada pelo “Movimento por uma Cultura de Doação”, recebendo o apoio de diversas instituições em todo o País.

É o caso do Instituto Helena Florisbal, que dá suporte atualmente a 36 instituições credenciadas, sendo 20 delas de pequeno e médio porte. A maioria delas ampara idosos, crianças em estado de vulnerabilidade social ou com doenças graves.

“O IHF tem pouco mais de cinco anos e ele materializa um sonho que a Helena Florisbal tinha quando viva. Ela ajudava uma quantidade significativa de instituições, e o Octávio [marido de Helena, diretor-executivo e fundador do IHF] e ela haviam combinado que em um determinado momento da vida profissional dele, ele materializaria esse sonho”, conta José Francisco Queiroz, diretor de Planejamento do Instituto.

Para Queiroz, o evento desta terça-feira (27) é bastante oportuno para despertar a consciência de pessoas físicas e jurídicas para o ato de doar. Nesse caso, não importa quanto nem de que forma.

“O Dia de Doar é muito saudável, porque é oportunidade a mais, é a pedra jogada no lago para que pessoas, instituições e Governo tenham os olhos voltados ao terceiro setor”, explica. “O terceiro setor emprega 2,9 milhões de pessoas, mas 83% das instituições não têm funcionários regulares, pela dificuldade de manter a folha de pagamento adequada. Estamos otimistas, porque estamos entendendo essa competência do brasileiro em entender, de maneira geral, o quanto é importante contribuir para esse necessitado do terceiro setor”, completa.

Divulgação/IHF

O Instituto Helena Florisbal dá suporte atualmente a 36 instituições credenciadas, sendo 20 delas de pequeno e médio porte (Divulgação/IHF)

Ranking mundial de solidariedade

Queda da 75ª para a 122ª posição. Esse foi o desempenho do Brasil no ranking World Giving Index 2018, que mede a solidariedade das pessoas. O levantamento, feito pela Charities Aid Foundation (CAF), do Reino Unido, e representada no Brasil pelo Instituto de Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), entrevistou mais de 153 mil pessoas em 146 países durante o ano de 2017. O número representa cerca de 95% da população mundial.

No Brasil, 43% dos entrevistados disseram ter ajudado um desconhecido no último mês. O número representa uma queda de 11% no registrado em 2016. Neste tópico, o País está na 105ª posição.

Já os que doaram dinheiro a uma instituição de caridade também diminuíram de 2016 para o ano passado: foram 21% contra 14%, respectivamente. Neste tipo de solidariedade o Brasil figura na 112ª posição.

Na última questão do relatório, o Brasil teve uma queda de 7% no trabalho voluntário. 20% disseram ter feito em 2016 contra 13% no registrado no ano passado. O Brasil é o 109º país no ranking neste quesito.

Confira os países que lideram o ranking:

Queda ocorre por conta da crise

Segundo a presidente do IDIS, Paula Fabiani, a queda na medição da solidariedade do brasileiro deve-se à recessão econômica, que fortaleceu o individualismo da sociedade.

“Não é surpreendente a queda do índice, mas sim o tamanho da queda. Nos últimos dois anos vivemos um momento de crise política e econômica, o que acabou levando o Brasil a piorar o seu desempenho. Além das crises, vemos um momento de desesperança no brasileiro, de não saber o que vai acontecer e não acreditar que sua contribuição possa fazer a diferença”, diz.

Apesar da crise, é crescente no Brasil as pessoas se interessarem em fazer contribuições para instituições do terceiro setor. “Existe um entendimento cada vez maior do que significa fazer doações”, complementa o diretor do IHF.

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