Chacina no DF foi planejada e executada por quase um mês, diz polícia

Segundo a investigação, terreno avaliado em R$ 2 milhões teria motivado os crimes; penas somadas podem chegar a 340 anos de prisão

  • Por Jovem Pan
  • 27/01/2023 15h31 - Atualizado em 27/01/2023 17h46
Divulgação/PCDF Local onde os corpos foram encontrados em Planaltina Polícia Civil do DF prendeu o quinto suspeito de participação nos crimes

A Polícia Civil do Distrito Federal informou nesta sexta-feira, 27, que o assassinato de dez pessoas da mesma família foi planejada e a execução durou quase um mês. Em coletiva de imprensa, o delegado Ricardo Viana, titular da 6ª Delegacia de Polícia do DF, também responsável pelas investigações da chacina, explicou a cronologia do crime. Segundo ele, as vítimas foram atingidas por faca, mas cada uma delas com um padrão diferente. “Se não tivéssemos indícios de autoria, teríamos uma dificuldade imensa. Cada vítima foi morta com padrões diferentes de violência e isso dificultaria bastante as ações”, afirmou. A polícia trabalha com várias tipificações para os crimes cometidos, entre eles: ocultação de cadáver; homicídio qualificado por motivo fútil, torpe e por meio aplicado; extorsão mediante sequestro, com resultado morte; latrocínio (roubo seguido de morte); corrupção de menores; e associação criminosa. Somadas, as penas podem variar de 190 a 340 anos de prisão.

A primeira ação do grupo criminoso aconteceu em 28 de dezembro, quando três vítimas – Marcos Antônio Lopes de Oliveira, Renata Juliene Belchior e Gabriela Belchior – foram rendidos na chácara que moravam por Carlomam dos Santos Nogueira e o adolescente de 17 anos, ambos suspeitos. A dupla teve acesso ao local com o apoio de Gideon Batista de Menezes. Horácio Carlos Ferreira Barbosa, que também integra os suspeitos de participação na chacina, se fingiu de vítima. Marcos Antônio foi atingido por um disparo na nuca. Ele foi enrolado em um tapete e levado dentro do carro de Gideon até o cativeiro, onde foi esquartejado e enterrado. Um dos envolvidos afirmou que Marcos “ainda respirava ofegante” antes de ser esquartejado. Renata e Gabriela foram vendadas, amordaçadas e também colocadas em cativeiro, sendo vigiadas por Fabrício Silva Canhedo.

Em 4 de janeiro, Cláudia Regina Marques de Oliveira, ex-mulher de Marcos Antônio, e Ana Beatriz Marques de Oliveira foram rendidas em casa por Carloman, com a ajuda de Gideon, Horácio e Fabrício, em uma nova simulação de assalto. Elas também foram levadas para o cativeiro. Em 12 de janeiro, Thiago Gabriel Belchior, marido de Elizamar e filho de Marcos Antônio, começou a questionar Gideon e Horácio sobre o paradeiro do pai, o que levou a dupla a sequestrar Thiago e o restante da família. O jovem foi atraído ao local por uma mensagem enviada pelo celular do pai, que pedia a presença da família na chácara. Com a ajuda de Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como Galego, o grupo simulou um novo assalto na chácara da família, novamente com Horácio e Gideon se passando também de vítimas. Thiago foi amarrado, com os pés atados e levado para o cativeiro, enquanto Elizimar e os três filhos do casal foram colocados dentro do carro da cabeleireira e levados para a região de Cristalina, em Goiás. O veículo foi queimado no dia seguinte, com a família dentro.

No dia 14 de janeiro, os envolvidos levaram Renata e Gabriela de carro a Unaí, em Minas Gerais, e também queimaram o veículo com as duas dentro. Um dia depois, em 15 de janeiro, Carlomam e Horácio mataram Thiago, Cláudia e Ana. Os corpos foram colocados em uma cisterna. Segundo a investigação, questões financeiras envolvendo um terreno avaliado em R$ 2 milhões teria sido uma das motivações para os crimes. “Estávamos trabalhando com a hipótese de que era uma chacina por questões econômicas. Desde o início colocávamos essa situação. Chegamos a três razões que eles praticaram: a chácara, a venda do lote e o direito das contas”, disse o o delegado Ricardo Viana. Nesta quinta-feira, 26, a Polícia Civil do DF prendeu o quinto suspeito de participação nos crimes. De acordo com a PCDF, Carlos Henrique Alves da Silva tem 25 anos. Ele teria participado da associação criminosa que foi responsável pela maior chacina da história do Distrito Federal.

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