Cineasta lança filme sobre eleição de Bolsonaro e diz que cinema nacional ‘ignora’ facada

Em entrevista ao Pânico, Josias Teófilo esclareceu que documentário abordará manifestações de 2013, facada de Adélio Bispo e depoimento de Carlos Bolsonaro: ‘Emocionante’

  • Por Jovem Pan
  • 17/09/2021 15h26 - Atualizado em 17/09/2021 16h59
Reprodução/Pânico Josias Teófilo fala ao microfone no estúdio do programa Pânico O cineasta pernambucano Josias Teófilo lançará nesta segunda-feira, 20, o documentário 'Nem Tudo Se Desfaz', sobre a eleição e campanha de Jair Bolsonaro

Nesta sexta-feira, 17, o programa Pânico recebeu o cineasta e documentarista pernambucano Josias Teófilo, que lançará na próxima segunda-feira, 20, o filme ‘Nem Tudo se Desfaz’, que retrata o processo de eleição de Jair Bolsonaro. Em entrevista, ele afirmou que a obra promete contar um lado não visto pelo cinema nacional em relação à facada que o presidente sofreu em Juiz de Fora, Minas Gerais. “A nova direita ascendeu, mas não foi representada no cinema brasileiro. A política é uma verdadeira onda no cinema documentário atual, principalmente brasileiro, são dezenas, mas todos ignoram vários temas. A facada nunca foi representada no cinema brasileiro, mas foi representada no meu filme, consegui um depoimento de Carlos Bolsonaro. O depoimento é emocionante, ele ficou tão marcado pela facada que ele tira o olho quando ela aparece no trailer. Ele viu o pai dele num bar, sentado no chão, cheio de gente ao redor e falou: ‘Será que meu pai vai morrer?’. (…) Criou-se uma hegemonia no meio cultural, é muito elegante você ser de esquerda. Eu queria ser de esquerda, mas não tenho dinheiro para isso. Criou-se uma elite que costuma desprezar o poder do povo, mas isso costuma dar errado para eles porque Bolsonaro foi eleito e o impeachment aconteceu. Desdenham dos evangélicos, dos cristãos, no meio artístico isso é muito forte, é puro preconceito de esquerdista brasileiro.”

O trajeto da narrativa do filme parte das manifestações contra a ex-presidenta Dilma Rousseff e vai até o período de campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Segundo Josias, as jornadas de junho de 2013 representaram um cenário de mudança que culminou no contexto político das eleições de 2018. “É um documentário com entrevistas da esquerda e da direita. As pessoas vão poder ver e julgar. Eu notei quatro elementos que permaneceram de Junho de 2013 até a eleição de Bolsonaro, que são pautas anticorrupção e o apartidarismo, começaram a rasgar a bandeira dos partidos no meio da rua. Um fato físico mostra como os políticos começaram a temer as massas, as pessoas começaram a invadir a prefeitura de São Paulo, o Congresso, e construíram-se barricadas, a cidade de Brasília não foi feita para ter essas barricadas, estão até hoje, desde essa época. Foi por isso que aprovaram a delação premiada, que possibilitou a Lava Jato, o impeachment da Dilma, a prisão de Lula e impossibilitou o PSDB como oposição viável, então surgiu uma figura completamente inesperada, que é o Bolsonaro.”

O cineasta ainda comparou as manifestações de 2013 com as convocadas pela base bolsonarista no dia 7 de setembro. Para ele, o recuo do presidente deve-se ao motivo de que a nova direita não possui fortes personalidades no cenário político. “Essas manifestações foram grandes, acho que foram as maiores do país em apoio a um presidente, uma coisa impressionante. Bolsonaro não soube o que fazer com isso, fala essas bravatas e depois tem que recuar. Fica uma situação complicada. Faltam intermediários na nova direita, a nova direita só tem índios, não tem caciques. Não tem o suficiente de gente na imprensa, no judiciário.”

Confira na íntegra a entrevista com Josias Teófilo:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.