‘Combate à violência contra a mulher nunca foi prioridade de nenhum governo’, diz promotora
Em entrevista ao Morning Show, Gabriela Manssur elogiou o trabalho da ministra Damares Alves e reforçou que ainda há muito a ser feito para auxiliar vítimas de violência: ‘nenhuma mulher é assassinada de um dia para o outro’
Nesta segunda-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a temática da violência contra a mulher protagonizou os debates no Morning Show, da Jovem Pan. Em entrevista ao programa, a promotora de justiça Gabriela Manssur revelou as principais dificuldades do enfrentamento desta problemática no Brasil, como a falta de conscientização e ausência de políticas públicas. “A questão da violência contra a mulher nunca foi prioridade de nenhum governo federal. No entanto, embora eu não concorde com alguns posicionamentos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, vejo um grande esforço da ministra Damares Alves para se aproximar do sistema de justiça, abrir as portas de seu ministério e receber mulheres e desenvolver políticas públicas voltadas ao combate da violência contra a mulher. Ela demonstra ter comprometimento com a questão. Inclusive, notei que a postura de Damares mudou muito desde que assumiu a pasta, ela compreendeu a gravidade do problema e a necessidade de colocar a cara a tapa para enfrentá-lo”, disse.
Apesar de reconhecer que há esforço político para auxiliar vítimas da violência, a promotora afirmou que ainda existem diversas dificuldades que impedem o amparo a estas mulheres. “Diversas vítimas demoram a denunciar porque não percebem que estão em risco enquanto sofrem violência doméstica. Muitas vezes, elas sequer entendem que são vítimas da violência. Demoram para procurar ajuda e, quando o fazem, já estão expostas a situações de extremo risco. Nenhuma mulher é assassinada de um dia para o outro. Existe uma escalada de violência que começa com a intimidação, com o controle excessivo do homem sobre a mulher, que evolui para lesões corporais, cárcere privado e, até mesmo, para o feminicídio. Desde os pequenos sinais de violência, as mulheres precisam entender o risco que correm e denunciar. Não se pode subestimar a violência doméstica”.
Para Manssur, existem algumas estratégias fundamentais para superar a violência contra a mulher na sociedade, como fomentar a conscientização da população sobre a gravidade do problema através da educação escolar e da publicidade, ampliar o acesso à informação sobre as maneiras de efetuar uma denúncia e exigir do governo investimento em políticas públicas voltadas ao empoderamento econômico das mulheres. “Grande parte destas vítimas não abandonam a situação de violência porque dependem economicamente de seus parceiros. Por exemplo, muitas nem trabalham devido à falta de acesso ao mercado de trabalho, à falta de oportunidades ou por conta do machismo estrutural, que ainda vê as mulheres como seres humanos destinados à cuidarem apenas do lar e dos filhos”, concluiu.
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