Conflitos na fronteira com a Venezuela deixam saúde pública de Roraima ‘à beira de um colapso’
O governo do estado de Roraima informou neste domingo (24) que o Hospital Geral, o maior do estado, está “à beira de um colapso” por causa dos conflitos na fronteira com a Venezuela. Segundo a Secretaria de Saúde de Roraima, o hospital recebeu 18 venezuelanos em estado grave em menos de 24 horas.
Em nota divulgada à imprensa, a secretaria relatou que os venezuelanos estão cruzando a fronteira em ambulâncias para serem atendidos no Brasil, uma vez que a cidade de Santa Elena de Uairén, que faz fronteira com Pacaraima, não tem estrutura para atender os feridos. Por causa da gravidade dos ferimentos e da necessidade de atendimento específico, esses pacientes estão sendo transferidos para a capital Boa Vista.
Ainda na nota, a Secretaria de Saúde lembrou que a fronteira está fechada, o que impede que os feridos sejam trazidos ao Brasil. O medo do governo é que, quando a fronteira for reaberta, os venezuelanos sejam levados de uma só vez para o hospital, impactando ainda mais o serviço.
O secretário de Saúde do estado, Ailton Wanderley, afirmou que o Hospital Geral já está operando acima da capacidade. “Por isso, precisamos alocar pacientes nos corredores das enfermarias para que o Grande Trauma tenha condições de atender pacientes venezuelanos e brasileiros em estado crítico de saúde”, explicou. Neste sábado (23), quatro das seis salas de cirurgia do hospital estavam ocupadas por venezuelanos feridos nos conflitos.
Ajuda federal
“Se a situação na Venezuela piorar e não recebermos nenhum tipo de apoio, a saúde em Roraima vai colapsar”, sentenciou Caleffi, diretor geral do Hospital Geral. “Somos o único hospital de retaguarda e porta aberta do estado que realiza esse tipo de serviço, e mesmo com a demanda da Venezuela precisamos garantir condições de atendimento dos brasileiros”, disse.
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), afirmou que já pediu ajuda ao governo federal. “Já estive em contato com o ministro da Saúde, que se mostrou sensível à situação, e, com isso, esperamos contar com o apoio do governo federal nos próximos dias. Decretamos a situação de calamidade na saúde de Roraima. Precisamos de ações urgentes para abastecer o HGR e fazer com que a Unidade possa prestar um atendimento digno a todos”, disse Denarium.
No total, até o momento, 20 pacientes venezuelanos receberam atendimento médico em hospitais públicos de Roraima e nenhuma morte foi registrada.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.