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Conteúdo secreto de delação da Odebrecht inclui obras no exterior e participação de Lula

Fachada da sede da Odebrecht em São Paulo - EFE

Parte do conteúdo das delações da Odebrecht ainda sob sigilo destrincha o envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em obras da empreiteira no porto de Marial, em Cuba, na Angola, e no contrato da megaconstrutora com a empresa Exergia, que pertence a Taiguara Rodrigues, sobrinho da primeira mulher de Lula.

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As informações foram obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo. O material secreto ainda envolve o ex-ministro Antonio Palocci, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB), o marqueteiro João Santana, o senador Valdir Raupp (PMDB), o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira Ferreira (PT), o ex-presidente da Pemex (Petróleos Mexicanos) Emilio Lozoya.

Diversas obras no exterior são listadas, além de duas campanhas presidenciais estrangeiras. Há ainda nove campanhas eleitorais no Brasil suspeitas de receber R$ 17,43 milhões ilícitos.

Lula

A contratação da Odebrecht para prestar serviços na Angola teria sido feita a pedido do ex-presidente. Os delatores afirmam também que a Exergia não tinha condições estruturais e sua constituição teria influência de Lula também, em benefício a seu sobrinho.

De acordo com o jornal, as informações e documentos serão encaminhados à Justiça Federal do Paraná, a pedido da Procuradoria Geral, porque fatos semelhantes já eram apurados previamente.

Palocci

Delatores afirmam que o ex-ministro pediu pagamentos à atuação de João Santana nas campanhas das presidências do Peru e de El Salvador, países latino-americanos. Santana teria recebido R$ 5,3 milhões para ajudar a eleger Maurício Funes em El Salvador em 2009. Já a campanha de Ollanta Humala no Peru teria recebido US$ 3 milhões do Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propina da Odebrecht.

Cuba

Segundo Marcelo Odebrecht, Lula e Fernando Pimentel, ex-ministro e governador de Minas Gerais, ajudaram a viabilizar as obras da empreiteira no Porto de Mariel, no país caribenho. Neste caso, as provas e depoimentos são encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), pelo foro previsto a governadores, e também à Justiça do Distrito Federal.

Belo Monte

O juiz Sergio Moro investiga os suspeitos de irregularidade nos contratos da grande usina hidrelétrica de Belo Monte. A apuração teve início com a delação da construtora Andrade Gutierrez e mais material foi enviado à vara. Dois inquéritos envolvendo membros da cúpula do PMDB terão informações acrescidas por delatores.

Caixa dois – Alves, Raupp e Teixeira

Delatores da Odebrecht confessaram o repasse de dinheiro não declarado no exterior a três campanhas: de Henrique Alves (PMDB) para o governo do Rio Grande do Norte em 2014 (R$ 2 milhões), de Valdir Raupp (PMDB-RJ) para o Senado em 2010 (R$ 500 mil) e de Luiz Fernando Teixeira, deputado estadual do PT em São Paulo (R$ 300 mil).

O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) teria pedido o dinheiro para a campanha de Alves. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, já havia delatado o caixa 2 a Raupp em sua delação premiada, por isso o caso vai ao STF, já que o senador exerce o mandato.

Outros casos

O Ministério Público entende que a divulgação desse material pode prejudicar as investigações em curso.

Outros casos investigados sob sigilo são a operação do “departamento de propina” da Odebrecht, o banco Fator, vantagem indevida a ministro da Angola, irregularidades na construção de Belo Monte e da Arena Corinthians, gasoduto no Peru e dutos na Argentina, obras no complexo da Comperj, usina hidrelétrica no Equador, complexos agroindustriais na Venezuela e a campanha eleitoral no Peru. Os casos foram divididos entre a Procuradoria-Geral e a Justiça Federal do Paraná.

Já a investigação sobre cartel no adutor Castanhão, que envolve Humberto Santiago, foi enviado para a Justiça Federal do Ceará. A suspeita sobre Henrique Alves em relação à campanha eleitoral de 2014 foi encaminhada à Justiça do Rio Grande do Norte.

O deputado Luiz Fernando Ferreira (PT) deverá ser investigado no Tribunal Regional Federal da 3ª região.

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