Coronavac: Secretaria de Saúde e Instituto Butantan dizem ter recebido com ‘surpresa e indignação’ recuo do Ministério da Saúde

Em nota, o governo de São Paulo pede para que o governo federal ‘honre o compromisso assumido, adquira o imunizante, e garanta uma vacinação gratuita, segura e eficaz’

  • Por Jovem Pan
  • 21/10/2020 17h37 - Atualizado em 21/10/2020 17h55
Reprodução/Twitter Doses da vacina chinesa estavam sendo negociadas pelo Governo Federal

Nesta quarta-feira, 21, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou a decisão do Ministério da Saúde ao afirmar que o Brasil não vai comprar a Coronavac, a vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Além dele, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, reforçou que “não há intenção de compra de vacinas chinesas.” As declarações ocorreram após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciar nesta terça, em reunião com governadores, uma negociação com o Instituto Butantan para firmar o compromisso de aquisição dos imunizantes que serão fabricados até o fim de janeiro.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde e o Instituto Butantan afirmaram receber “com surpresa e indignação” a declaração do governo federal. Segundo as entidades, “a postura de uma parte da União vai na contramão de todos os avanços conquistados até aqui nas negociações por representantes por ele escolhidos para o Ministério da Saúde com autoridades dos Governos Estaduais de SP e do Brasil.” A nota ainda cita a eficácia da vacina chinesa, que tem demonstrado “resultados mais seguros e apresentado um menor percentual de efeitos colaterais”.

O governo de São Paulo e o Butantan pede que o governo federal “honre o compromisso” assumido formalmente nesta terça. “Assim, espera que o Ministério da Saúde honre o compromisso assumido publicamente ontem (20) com 24 Estados, adquira o imunizante, e garanta uma vacinação gratuita, segura e eficaz para proteger a população. […] É evidente que qualquer aplicação requer aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e todos os esforços para celeridade em todos esses processos estão sendo empregados para que a população tenha acesso o mais rápido possível a uma vacina segura e eficaz. O Governo de SP deseja também que o Governo Federal compreenda que salvar vidas é a missão máxima de qualquer gestor público responsável.”

A Secretaria de Saúde o centro de pesquisa classificam como “descabida” a afirmação do Ministério da Saúde de que houve uma “interpretação equivocada” do anúncio desta terça. “O compromisso do Governo do Estado de SP é disponibilizar aos brasileiros uma vacina comprovadamente segura, após a conclusão de todos os estudos clínicos e as devidas aprovações nos órgãos regulatórios, como a Anvisa. O próprio Ministro afirmou, ontem, que ‘A vacina do Butantan será a vacina brasileira. Nós já fizemos uma carta em resposta ao ofício do Butantan e essa carta, ela é o compromisso da aquisição dessas vacinas’. A frase é clara e sequer da margem para interpretações divergentes, sendo descabida a afirmação do Ministério de que houve ‘uma interpretação equivocada'”, diz a nota.  “É evidente que qualquer aplicação requer aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e todos os esforços para celeridade em todos esses processos estão sendo empregados para que a população tenha acesso o mais rápido possível a uma vacina segura e eficaz. O Governo de SP deseja também que o Governo Federal compreenda que salvar vidas é a missão máxima de qualquer gestor público responsável”, finaliza.

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