Crivella se desculpa após fala sobre juíza que determinou a interdição da Niemeyer

Na última quinta-feira (03), o prefeito do Rio afirmou que a juíza ‘tem uma beleza de parar o trânsito, mas não precisa praticar’. Nesta segunda (07), ele disse que as declarações aconteceram devido ‘ao espírito carioca’

  • Por Jovem Pan
  • 07/10/2019 15h11
Tomaz Silva/Agência Brasil Marcelo Crivella O prefeito do Rio, Marcelo Crivella

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, se desculpou na manhã desta segunda-feira (07) por sua fala, na última quinta-feira, sobre a juíza Mirela Erbisti, da 3ª Vara de Fazenda Pública da Capital. Na ocasião, o prefeito havia dito que a magistrada “tem uma beleza de parar o trânsito, mas não precisa praticar”. A informação é do G1.

Mirela determinou que a Avenida Niemeyer, uma das principais ligações entre as zonas Oeste e Sul da cidade, fosse interditada, após deslizamentos de terra provocados pelas chuvas e laudos produzidos por peritos sobre a situação do local.

A avenida está interditada desde 28 de maio por determinação da Justiça carioca. O prefeito também afirmou que os profissionais fizeram o laudo técnico sobre as condições da avenida “para agradar a juíza”. Desde agosto a gestão Crivella está tentando reabrir a avenida.

Na época, o prefeito afirmou que já haviam sido gastos mais de R$ 30 milhões em obras de contenção e entende que já existem condições para a reabertura da avenida.

No pedido de desculpas, Crivella afirmou que as declarações foram feitas devido ao “espírito carioca”.

“O prefeito do Rio tem todo o respeito pela magistratura. Se, por acaso, em algum momento, é o espírito carioca e a gente fez algum gracejo. Quero aqui me redimir e dizer que a juíza me desculpe”, afirmou o prefeito. As declarações do prefeito sobre a juíza foram feitas durante evento na última quinta-feira (03).

Em resposta às declarações do prefeito, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) emitiu nota neste domingo (06) e classificou a fala do prefeito como “grave ataque à democracia”. Assinada pelo presidente do Tribunal Claudio de Mello Tavares, a nota afirma que deve-se questionar na Justiça as decisões das quais não se concorda e condenou os “ataques pessoais à figura do julgador”.

“A via recursal é a forma correta para combater decisões judiciais das quais se discorda. Ataques pessoais à figura do julgador remete a tempos obscuros da nossa sociedade. A insatisfação de um governante municipal divulgada na mídia, diante de uma decisão judicial até o presente momento mantida pela instância recursal, consiste em grave ataque à democracia. O interesse público está acima de interesses pessoais, políticos e religiosos”, diz a nota.

Nesta segunda, Crivella também elogiou a atuação do presidente do TJ. “Uma das figuras mais notáveis e alta da aristocracia jurídica do Brasil”, disse o prefeito.

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