De deputado a ministro da Saúde: a passagem de Mandetta por Brasília

Mandetta foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro em meio ao surto de coronavírus no país

  • Por Jovem Pan
  • 16/04/2020 16h25 - Atualizado em 16/04/2020 16h29
Anderson Riedel/PR Ex-ministro Luiz Henrique Mandetta Luiz Henrique Mandetta

A figura do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vestindo o colete do Sistema Único de Saúde (SUS) e sentado entre secretários e outros ministros do governo Bolsonaro tornou-se conhecida desde que a pandemia do novo coronavírus atingiu o Brasil. No entanto, após críticas sobre suas falas e seu comportamento diante da crise, o presidente Jair Bolsonaro o exonerou da pasta nesta quinta-feira (16).

Antes demiti-lo, o presidente chegou a deixar recados para integrantes do governo “que se acham”: “Minha caneta funciona”, disse.

Médico ortopedista de formação, Mandetta foi deputado federal pelo DEM por dois mandatos, 2011 e 2015, mas se licenciou em janeiro 2019 para assumir o Ministério da Saúde, no governo recém-eleito de Jair Bolsonaro.

À frente dos trabalhos para mitigação e contenção da Covid-19 no Brasil, Mandetta tem dado declarações consideradas “extrapoladas” pelo presidente da República. Em entrevista exclusiva ao programa Os Pingos Nos Is, da Jovem Pan, o presidente chegou a afirmar que “faltava humildade” ao ministro.

A primeira mudança, que já indicava a insatisfação de Bolsonaro com seu subordinado, aconteceu nas coletivas de imprensa com atualizações sobre a situação do coronavírus no país. Na última semana, Bolsonaro determinou que as coletivas passassem a ser transmitidas do Palácio do Planalto – não mais na sede do Ministério da Saúde – e com a presença de outros ministros.

O médico e Bolsonaro também divergiram na questão do isolamento social. Para Bolsonaro, é necessário o isolamento vertical do grupo de risco da doença para que a Economia não seja duramente afetada ao longo da crise. Mandetta, no entanto, defende o isolamento social e chegou a afirmar, em coletiva de imprensa, que era hora de “redobrar cuidado, não relaxar medidas”.

Em sua passagem pela Câmara dos Deputados, o médico votou favoravelmente ao impeachment de Dilma Rousseff e, de 2016 a 2019, foi membro titular da comissão externa de acompanhamento das ações sobre o Zika vírus.

Antes de chegar à Brasília, o agora ex-ministro havia sido secretário municipal da Saúde, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em 2005, durante a gestão de seu primo, o político Nelsinho Trad. Sua primeira candidatura para cargo público foi para deputado federal, em 2010.

Formado em Medicina na universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, Mandetta cursou especialização em ortopedia pediátrica em Atlanta, nos Estados Unidos, onde morou nos anos 90. Com família ligada à política sul-mato-grossense, Mandetta também é primo do deputado federal Fábio Trad.

Em 2015, Mandetta foi citado em inquérito do Ministério Pública Federal (MPF) sobre improbidade administrativa na implementação do Gisa (Gestão de Informações em Saúde) em Campo Grande, ao lado de seu primo, então prefeito, Nelsinho Trad.

Em suas últimas semanas à frente da pasta da Saúde, Mandetta previu dias duros e voltou a defender o isolamento social como medida mais efetiva para a diminuição no número de contágios.

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