Deputado do PSL propõe criação de ‘Secretaria de Desesquerdização’
O deputado federal Heitor Freire (PSL-CE) protocolou, na quarta-feira (13), um requerimento sugerindo ao presidente da República a criação da “Secretaria Especial de Desesquerdização da Administração Pública”.
O texto cita o “aparelhamento gradual do Estado realizado por militantes de esquerda e seus sindicalistas”, além de consequências como “o rombo escancarado dos cofres públicos” e o caos desde a economia até a “nossa juventude, envenenada pelo comunismo e pela famigerada ideologia de gênero”.
A proposta, como o deputado reiterou, tem o objetivo de fazer monitoramento e fiscalização de funcionários. O texto detalha que a secretaria seria destinada a realizar a identificação, mapeamento, monitoramento, com consequente “sugestão de exoneração por decisão do Presidente da República”. Integrantes da pasta teriam a função de indicar possíveis nomes que valessem uma demissão por reproduzir ideias da esquerda.
Heitor justifica que, para integrar o governo de Jair Bolsonaro, é necessária, em primeiro lugar, a ideologia alinhada à administração federal. “Precisa ser de direita conservador, antes de ser analisado o nível técnico. Se não fizer isso, Bolsonaro não vai conseguir governar”, explica.
O deputado defende que ainda há servidores camuflados no governo O texto cita que “são frequentes as denúncias de todo o país que nos chegam sobre os “técnicos” que mudaram seu discurso” para permanecer em seus cargos. Questionado pelo Estadão a respeito de exemplos, Heitor citou os ministérios do Meio Ambiente, Direitos Humanos, Casa Civil e órgãos federais, especialmente bancos. “Acho que o ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) é o que mais tem”, afirmou.
No mesmo dia em que o deputado protocolou o documento, o Estado divulgou que o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Ricardo Salles, havia orientado funcionários do ICMBio e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a não se posicionarem diretamente à imprensa. Solicitações de posicionamento deveriam ser encaminhadas ao Ministério.
Heitor Freire ainda não conversou sobre a proposta com o presidente Jair Bolsonaro, do mesmo partido que ele, e nem com demais candidatos. “Vou pedir agenda com o presidente e com o secretário de governo e vou fazer uma apresentação e mostrar a importância. É uma das principais pautas, urgentíssima”, defendeu.
Para comandar a secretaria, ele defende que algum dos “bons nomes de direita e conservadores do PSL e de alunos do professor Olavo de Carvalho” seriam essenciais. “Eu mesmo até deixaria meu mandato para assumir”, afirmou. A pasta, para ele, seria ligada diretamente à presidência ou à Casa Civil, do ministro Onyx Lorenzoni.
Um dia após a posse do novo governo, Lorenzoni anunciou que iria exonerar funcionários para “despetizar” o Brasil. No dia 3 de janeiro, 320 comissionados e servidores foram demitidos sob o pretexto de manter somente funcionários que se identifiquem com a “centro-direita”.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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