Deputados questionam rumos da Lava Jato sem Teori na relatoria do caso

  • Por Estadão Conteúdo
  • 20/01/2017 11h06
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"Recesso branco" terá quase 20 dias e começará a partir da sexta-feira (15) Divulgação/Câmara André Moura (PSC-SE) - Câmara

Consternados com a morte do ministro Teori Zavascki, parlamentares não só lamentaram a perda como questionaram os rumos que serão tomados a partir de agora na condução da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Às vésperas da homologação das delações premiadas de executivos da Odebrecht, que deve comprometer ao menos 26 deputados, líderes partidários tinham dúvidas sobre o ritmo que a Corte conduzirá os processos a partir de agora e quem será o substituto de Teori nas investigações.

Líder do governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC-SE), destacou o equilíbrio com que Teori conduzia a relatoria e ressaltou que o ministro tinha um profundo conhecimento das investigações. “É uma boa pergunta: como fica a Lava Jato?”, comentou. Para Moura, a perda de Teori representa o reinício da operação no STF, já que o substituto terá de tomar conhecimento de um processo extenso, mesmo aproveitando parte do que Teori já havia feito.

Um dos candidatos à presidência da Câmara, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), desconversou e disse que não era o momento de discutir as consequências da morte de Teori para a Lava Jato. “A hora é de muita tristeza e pesar”, respondeu. Muitos parlamentares tinham dúvidas sobre o processo de escolha do novo relator no STF. 

Discrição 

Ao comentar a perda de Teori, os parlamentares não pouparam elogios à forma discreta como ele conduzia os processos que estavam sob sua responsabilidade. “Na avaliação da bancada, o ministro Teori comandava com eficiência e discrição a apuração, na Suprema Corte, dos processos do maior escândalo de corrupção do País”, disse em nota o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).

Vice-líder da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Carlos Marun (MS), observou a responsabilidade com que o ministro administrava os processos e o fato dele só se pronunciar nos autos. “Era uma pessoa não pirotécnica, atencioso em relação às suas responsabilidades, preferia falar nos processos e conduzia essa responsabilidade imensa que veio para seus ombros dentro da legalidade”, disse o parlamentar, que é do meio jurídico. Já o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), classificou Teori de “homem ponderado, correto e sereno”. 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RS), também enfatizou o perfil discreto do ministro. “O ministro engrandeceu o Supremo Tribunal Federal com uma postura firme, discreta e justa”, afirmou por meio de nota. Na mesma linha foi o líder da oposição, José Guimarães (PT-CE). “O País perde um ministro exemplar. Um homem que era respeitado pela sua postura isenta e republicana de exercício do mandato como membro do STF. Um juiz que falava nos autos. Juiz que usava a toga para promover a Justiça”, afirmou. 

Líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), também elogiou a atuação de Teori. “Merecem ser ressaltadas algumas das virtudes do ministro, como a ferrenha defesa dos direitos fundamentais, o notório domínio das letras jurídicas e a discrição”. 

Parlamentares cobraram celeridade nas investigações do acidente. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) comentou no Twitter que diversas teses surgem agora sobre a tragédia. “O que é ruim, diante de um quadro em que a nossa democracia já está gravemente ferida. Que a investigação seja o mais breve possível e a causa devidamente apurada”, escreveu.

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