Diretor da Opas defende utilização de leitos privados pelo SUS

  • Por Jovem Pan
  • 16/04/2020 21h22
EFE/Fernando Bizerra coronavirus-brasil-favela Para ele, o acesso ao tratamento da Covid-19 não deve ser definido com base na capacidade de quem pode pagar pelo atendimento

A unificação da oferta e do acesso a leitos públicos e privados é necessária para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, disse nesta quinta-feira (16) o diretor-adjunto da Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da OMS nas Américas, Jarbas Barbosa.

Segundo ele, o Brasil tem meios para fazer com que pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) usem leitos da rede privada, em caso de escassez na rede pública, visto que há maior ofertas destes nas instituições privadas. Para o diretor, o acesso ao tratamento da Covid-19 não deve ser definido com base na capacidade de quem pode pagar pelo atendimento.

Medidas

O diretor enfatizou, durante seminário virtual promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que nenhum país estava pronto para enfrentar a pior crise de saúde publica da história recente da humanidade. “Se olharmos a saúde pública nos últimos 100 anos, nunca tivemos um cenário como esse. Nenhum dos países atingidos encontrava-se preparado para a pandemia”, declarou.

As ações na área de saúde, acrescentou, devem ser complementadas com medidas econômicas e sociais, principalmente no caso de governantes retomarem o isolamento social em eventuais novas ondas da doença. “As medidas que vários países estão adotando de apoio econômico serão essenciais, pois o impacto será grande”, disse.

“A economia, nós podemos recuperar e tomar medidas de contenção. Para quem perde a vida não tem volta, não tem como recuperar”, completou.

América Latina

O diretor da Opas citou a cidade equatoriana de Guayaquil como um exemplo do que pode ocorrer quando o sistema de saúde não se prepara para a pandemia. Centro da Covid-19 no Equador, a cidade litorânea enfrenta uma crise não apenas nos sistemas médico e funerário, com corpos amontoando-se nas ruas porque o governo não consegue enterrá-los. “Preparar é fundamental, em Guayaquil foi um tsunami. Se não preparar deixamos de salvar vidas que podiam ser salvas”, afirmou.

Barbosa também pediu maior cooperação entre os países, principalmente para ajudar governos pobres, como o do Haiti. “O momento é de mobilizar a comunidade internacional para a solidariedade. E solidariedade tem nome: acesso equitativo. O Haiti tem 2 milhões de habitantes e apenas 34 respiradores. Não podemos deixar passar isso”, destacou.

* Com informações da Agência Brasil

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