‘Vamos fazer política de um jeito sério e maduro’, diz Joice, nova líder do PSL na Câmara

Deputada assumiu no lugar de Eduardo Bolsonaro, após o racha entre a ala bolsonarista e bivarista

  • Por Jovem Pan
  • 11/12/2019 15h54 - Atualizado em 11/12/2019 15h54
Valter Campanato/Agência Brasil Parlamentar afirmou que PSL é liberal, e não nacionalista

Em sua primeira entrevista como a nova líder da bancada do PSL na Câmara, a deputada Joice Hasselmann (SP) disse que o partido, pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu, vai ser independente nas pautas “que podem prejudicar o Brasil”.

“Alguns deputados nossos sofreram desgastes votando pautas do governo que não foram bem vistas pela população, então, agora nós temos essa independência em relação às pautas”, afirmou. “É liberal e não nacionalista. Esse é o recado que vamos passar a partir de hoje”, esclareceu.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu nesta terça-feira (10) que os 14 deputados do PSL punidos pela Executiva do partido deixarão de contar para efeitos de bancada enquanto durar a suspensão anunciada pela legenda, que varia de três a 12 meses, dependendo do parlamentar. A decisão determina, entre outras medidas, o afastamento desses deputados das funções de liderança e vice-liderança. Assim, Eduardo Bolsonaro, que está atualmente em viagem no exterior, em Israel, deixa o posto. Os deputados punidos, no entanto, seguem com direito de votar.

“O primeiro passo que vamos dar em conjunto é um passo de pacificação e é um passo para mostrarmos para a sociedade brasileira que nós vamos fazer política de um jeito sério e maduro. O PSL raiz é uma direita racional, não é uma direita xiita, não é uma direita radical”, disse Joice. Para a deputada, mesmo com a punição dos 14, o partido não perde peso político e ela afirmou ainda que não vai haver retaliação ao grupo.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, que “está cheio de traíras” o partido que “deixou para trás”. Bolsonaro se desfiliou recentemente do PSL, partido pelo qual se elegeu presidente, e tenta agora tirar do papel o Aliança Pelo Brasil, partido conservador com forte presença da família Bolsonaro no comando.

“O presidente tem de dizer a quem ele se refere. Parlamentares deram a vida pela campanha do presidente da República, acreditaram, lutaram por ele quando ninguém acreditava. Quando nem sigla ele tinha, o PSL abriu portas e estendeu o tapete vermelho”, declarou Joice sobre o comentário presidencial.

CCJ

A presidência da principal comissão da Câmara, a de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ) está nas mãos do PSL, com o deputado Felipe Francischini (PSL-PR), que faz parte da ala “bivarista” do partido. Um dos acordos no início do ano era que ele revezasse em 2020 o posto com a vice-presidente da comissão, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), da ala “bolsonarista” do partido.

“Tem vários acordos que várias pessoas diferentes já disseram em relação à CCJ. Primeiro preciso entender quem fez esses acordos e quais são”, disse. “A deputada Bia Kicis tem de decidir se fica ou não no partido porque ela, é a única que tem prerrogativa de sair do PSL. Pode sair imediatamente sem perder o mandato porque ela foi eleita pelo PRP, legenda que não existe mais”, afirmou.

* Com informações do Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.