Jovem Pan
Publicidade

Em TO, Temer evita imprensa, exalta ações do governo e ataca abuso de autoridade

BRA109. BRASILIA (BRASIL), 06/07/2017.- El presidente de Brasil, Michel Temer, participa hoy, jueves 6 de julio de 2017, en una ceremonia de anuncio de nuevas vacantes del fondo de financiamiento estudiantil (FIES), en Brasilia (Brasil). Temer, cercado por acusaciones de corrupción, afirmó hoy que hay "intentos" de impedir la "armonía" entre los poderes de la Nación y que existen "autoridades que se creen iluminadas por una centella divina". EFE/Joédson Alves

Em sua estreia em visitas oficiais na região Norte do Brasil, o presidente Michel Temer não quis falar com a imprensa na saída de uma cerimônia de assinatura para construção da Ponte Xambioá-São Geraldo. Num discurso protocolar, disse que faria propaganda do governo, que conseguiu unir o Brasil e criticou “abuso de autoridade”.

Publicidade
Publicidade

As críticas de Temer surgem um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar o pedido da defesa do peemedebista de suspender a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O pedido de suspeição foi reprovado por todos os nove ministros do Supremo.

Sem citar os imbróglios judiciais, Temer apenas repetiu o raciocínio que já disse outras vezes. “Nós não somos autoridades, somos autoridades constituídas. A única autoridade existente no sistema é a lei e a Constituição. Então, quando se fala em abuso de autoridade, eu costumo dizer que não é abuso de autoridade contra o presidente, contra o governador, contra o deputado, é quando alguém ultrapassa o limite da lei, dai é que há violação da autoridade, uma coisa que devemos evitar no Brasil”, disse.

Temer assinou o termo para a construção da ponte ao lado do governador do Estado, Marcelo Miranda (PMDB-TO), que é investigado e foi obrigado a depor no mês passado. Ele depôs no âmbito da Operação Convergência, da Polícia Federal, que apura pagamentos indevidos em obras de Infraestrutura no Estado.

Na cerimônia, Temer brincou com o ministro do Planejamento, que é do Tocantins, e disse que ouviu no avião a caminho de Xambioá que a demanda pela ponte era algo de mais de 30 anos. “Mas se o Dyogo (Oliveira) espera desde criança já são mais de 60 anos”, brincou. “Volto para Brasília com a alma incendiada para continuar a dirigir o País com apoio do povo”, disse o presidente no fim do seu discurso.

Em sua fala, Temer usou várias analogias com a palavra ponte, disse que o mote e o fio condutor de seu discurso seria esse. “Desde que assumi o governo vi que tínhamos que estabelecer várias pontes e a primeira foi com o Congresso Nacional”, afirmou. “Nós conseguimos com apoio do congresso vencer uma recessão extraordinária”, completou.

Temer disse ainda que estabeleceu muitas pontes no País, “entre elas a pacificação entre os brasileiros” e repetiu que os anos na política já o fizeram identificar os aplausos que “vêm do coração”. “De todas as pontes que eu construí eu levo daqui a sensação que a ponte mais importante que eu vou construir é a que liga Xambioá a São Geraldo”, afirmou o presidente ressaltando que iria falar com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para ele não deixar faltar recursos para a obra.

Sem citar que a previsão de duração da obra, que deve ser iniciada apenas em janeiro, é de três anos, Temer falou que tinha o desejo de inaugurar a ponte antes do fim do seu governo, “Mas acho difícil”, ponderou.

Como tem feito em todas oportunidades, Temer exaltou os números da economia, a inflação, os juros em queda e disse que a tendência é que “eles caiam ainda mais”. O presidente lembrou ainda que a Bolsa de Valores atingiu nesta semana o maior patamar da história. “Estamos num processo que visa ao combate ao desemprego”, disse.

Temer afirmou que tem saído pouco do Brasil “em face a muitos compromissos”. Em um agrado à plateia, lembrou que fazia sua estreia na Região na cidade de Xambioá.

Obra

A cidade, que tem 11.645 habitantes, fica no Norte do Estado de Tocantins. A ponte ligará Xambioá a São Geraldo, no Pará. O governo anunciou um investimento total na obra de R$ 132 milhões, sendo que, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, R$ 25 milhões para dar início às obras já estarão empenhados a partir da assinatura do presidente. O ministério dos Transportes prevê oficialmente como montante total de investimento para a ponte e entorno R$ 280 milhões.

Para que o trajeto de 1.700 metros entre as duas cidades possa ser feito por meio da ponte, entretanto, a população ainda terá que esperar ate 2021, já que a previsão é que as obras comecem apenas em janeiro do ano que vem e durem pelo menos três anos.

O senador Ataíde Oliveira (PSDB-TO), que é o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, não participou da cerimônia.

Depois de assinar a ordem de serviço em Xambioá, Temer foi de helicóptero para o outro lado da margem onde também fará uma cerimônia.

Promessa antiga 

O projeto faz parte da modernização da BR-153 e vai ser mais uma ligação entre os Estados de Tocantins e Pará. Atualmente, o trajeto é feito por caminhões e carros por meio de duas balsas que pertencem a uma mesma empresa. A obra integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e já estava prevista desde 2014, ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Em maio daquele ano, o governo lançou um pacote de investimento para obras no valor de R$ 8 bilhões e a ponte já era uma das previstas.

A senadora Kátia Abreu, que é do Tocantins e é uma voz dissonante no partido do presidente, o PMDB, também já usou a obra como palanque. Em setembro de 2014, durante um evento na cidade, a senadora garantiu recursos e disse, na época, que os R$ 150 milhões, já estariam integrados na rubrica PAC 2.

Descrença

A rotina da pequena Xambioá sofreu alterações por conta da esperada visita de Temer. Policiais e homens do Exército tomaram as ruas. Nesta quarta-feira, 13, nos arredores da cidade, helicópteros do Exército fizeram ações testes que chamaram a atenção da população local. Questionados sobre a expectativa da visita do presidente e da possível construção da ponte, muitos se mostraram descrentes de ver a situação mudar.

Publicidade
Publicidade