Entidade indígena classifica assassinato de Bruno e Dom como ‘crime político’

Em nota, Univaja também exalta trabalho dos indígenas nas buscas pelo indigenista e pelo jornalista e pede fiscalização efetiva no interior das terras indígenas do Vale do Javari

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2022 22h52
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Reprodução/ Arquivo Pessoal Montagem com fotos de dois homens O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips desapareceram no domingo, 5, no Vale do Javari, no Amazonas

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) classificou o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips como “crime político”. De acordo com o movimento, que representa os sete povos que habitam as terras indígenas na região, desde 2021 as autoridades sabiam sobre as invasões no Vale Javari, por parte de uma quadrilha de pescadores e caçadores profissionais, que resultaram na morte das vítimas. O grupo também ressaltou que teme a continuidade das investigações.

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 15, a Univaja destacou que Bruno e Dom eram defensores dos direitos humanos e morreram desempenhando atividades em benefício dos povos indígenas. O documento também relata que o movimento, por meio da Equipe de Vigilância da Univaja (EVU), colheu informações sobre as invasões na região do Vale do Javari. “Enviamos uma série de ofícios com informações qualificadas ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Fundação Nacional do Índio”, informa. O grupo afirma que nos ofícios estão indicados a formação de uma quadrilha de pescadores e caçadores profissionais, vinculados a narcotraficantes, que entraram no território para extrair recursos e vendê-los em regiões próximas. “Fornecemos informações através de nossas denúncias às autoridades competentes. Mas as providências não foram tomadas com a devida rapidez. Por isso, hoje assistimos ao assassinato de nossos parceiros”, lamenta.

A Univaja ainda manifestou a preocupação com a continuidade das investigações. “Pelado e Dos Santos (suspeitos presos na terça-feira,14, por envolvimento no crime) fazem parte de um grupo maior”. O grupo finaliza fazendo um apelo as autoridades, solicitando maior aprofundamento nas investigações. “Precisamos de fiscalização territorial efetiva no interior da Terra Indígena Vale do Javari. Precisamos que as Bases de Proteção Etnoambiental (Bapes) da Funai sejam fortalecidas”, concluiu em nota.

 

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