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Exército nega ter informações sobre a morte de Fernando Santa Cruz

Bolsonaro

O Comando do Exército afirmou nesta terça-feira (30) que não possui informações sobre o desaparecimento e a morte do militante da Ação Popular (AP) Fernando Augusto Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.

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Na segunda (29), o presidente Jair Bolsonaro havia afirmado que “sabia o que havia acontecido” com Santa Cruz – desaparecido depois de ter sido preso por agentes do Exército em 23 de fevereiro de 1974 – e “poderia contar a história” ao presidente da OAB.

“Não há nos arquivos do Exército Brasileiro documentos e registros sigilosos produzidos entre os anos de 1964 e 1985, tendo em vista que foram destruídos, de acordo com as normas existentes à época”, disse, em nota. O Exército se refere ao “Regulamento de Salvaguarda de Assuntos Sigilos” que autorizava a destruição de documentos, o que hoje é vedado pela Lei de Acesso à Informação.

A 10ª Vara Federal do Rio reconheceu em 1997 a responsabilidade dos agentes da União “pelo sequestro, tortura, desaparecimento e morte” de Santa Cruz. Por fim, em sua nota oficial, o Exército afirmou que “questionamentos referentes ao Sr. Presidente da República devem ser direcionados à Secretaria Especial de Comunicação da Presidência”.

Entenda

Bolsonaro sugeriu, durante uma transmissão em vídeo ao vivo, que o pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, teria sido morto pelo próprio grupo do qual fazia parte, a Ação Popular. Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira desapareceu durante a Ditadura militar após ser preso pelo Exército.

“O pai do Santa Cruz integrava o grupo terrorista mais sanguinário que tinha, que era a Ação Popular de Recife. Esse pessoal tinha muitas ramificações no Brasil, tinha uma grande no Rio de Janeiro. Ele foi para lá e o pessoal ficou estupefato, achavam que o contato deveria ser feito através da cúpula. Então resolveram sumir com ele porque achavam que poderiam ser descobertos”, declarou o presidente, enquanto era filmado cortando o cabelo.

Mais cedo, Bolsonaro havia dito que sabia da história e que a contaria ao atual presidente da OAB “um dia, se ele quiser saber”. Mas se antecipou e disse que “ele não vai querer ouvir a verdade”. Durante a transmissão, o presidente ainda isentou os militares do desaparecimento de Oliveira e disse que a Ação Popular poderia ter feito um “justiçamento” contra o próprio ex-integrante.

“Não foram os militares que mataram ele, é muito fácil colocar a culpa nos militares por tudo”, disse. “Mas o que tinha naquele momento era uma guerra, um lado contra o outro. E ninguém duvida que havia justiçamentos das pessoas da própria esquerda quando desconfiavam de alguém.”

O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, rebateu a fala. “Crueldade e falta de empatia”, escreveu no Twitter. “O mandatário da República deixa patente seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado, demostrando mais uma vez traços de caráter graves em um governante: a crueldade e a falta de empatia” declarou Felipe. “É de se estranhar tal comportamento em um homem que se diz cristão.”

*Com Estadão Conteúdo

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