Golpes com maquininha em entregas por aplicativo aumentam 136% em São Paulo; saiba os mais comuns e como se proteger

Segundo o Procon, foram 341 reclamações só entre janeiro e julho de 2021, mais do que o total do ano passado; cliente conta que motoboys passaram R$ 3 mil no cartão dele

  • Por Victoria Bechara
  • 31/07/2021 10h00
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/ Quatro entregadores em cima de bicicletas em uma rua com bags da Rappi Golpes de entregadores de aplicativo se tornaram mais comuns neste ano

O número de reclamações de golpes com maquininha em entregas por aplicativo aumentou 136% neste ano em São Paulo, segundo o Procon. Foram 341 registros só entre janeiro e julho de 2021. No mesmo período do ano passado, foram 144. O número já é maior do que o total de registros em todo o ano de 2020, quando o Procon recebeu 330 reclamações. Os dados incluem três empresas de delivery: iFood, UberEats e Rappi. Todos os golpes são feitos com a maquininha de cartão. No entanto, é necessário estar atento aos diferentes tipos. O Procon-SP recomenda que o consumidor fique sempre ligado ao receber a entrega e não utilize máquinas de cartão com o visor quebrado ou que não permitam a leitura dos dados. O paulistano Thiago Picolo, de 31 anos, foi uma das vítimas desse tipo de golpe. Ele fez um pedido pelo iFood e optou por fazer o pagamento na hora da entrega, com cartão de débito. 

“O pedido chegou, eu desci para pegar e eram dois caras, um ficou na moto e o outro veio com o pedido para eu pagar. Na hora que ele me deu a maquininha, ela estava com a tela toda trincada, não tinha como ver o valor que ele tinha colocado no visor”, contou Thiago. Na ocasião, os entregadores passaram R$ 3 mil no cartão dele. “Eu fiquei tentando mexer para ver se eu conseguia enxergar, só que aí o motoboy levantou e falou ‘digita logo essa senha aí, mano, tamo com pressa’. Eu fiquei meio assustado e já imaginei que era golpe, mas como eu estava com o portão do prédio fechado e os caras eram dois, eu achei melhor digitar e depois tentar correr atrás do prejuízo”, completou. Thiago entrou em contato com o banco, com o iFood e conseguiu o dinheiro de volta após duas semanas. “Depois desse episódio, eu nunca mais deixei para pagar na hora da entrega, sempre pago pelo app mesmo”, afirmou. 

Pagamento de valor extra

O Procon também sugere que o cliente sempre faça o pagamento pelo app, confira o valor da compra e não passe seus dados por telefone. Além disso, recomenda que desconfie caso o entregador informe que é necessário pagar algum valor extra. Isabelly Simoncello, de 23 anos, foi vítima de um golpe no ano passado, quando pediu o almoço em um restaurante que utilizava o aplicativo Loggi para fazer as entregas e foi informada que o motoboy tinha sofrido um acidente. Ela conta que, na ocasião, a empresa não enviou o link para rastreamento do pedido. “Eu não suspeitei de nada porque eu já tinha pedido várias vezes nesse restaurante e sempre chegava. Eu recebi uma mensagem de um número desconhecido dizendo que o motoboy que estava com a minha salada tinha sofrido um acidente e eles iam mandar outro entregador, mas que eu precisaria pagar uma taxa de R$ 7,00”, relata. 

Isabelly afirma que ele chegou depois de um tempo e de carro, o que ela estranhou. O cartão que usou para pagar a taxa foi recusado algumas vezes pela maquininha, já que o entregador tentou passar valores muito altos. Após a entrega, ela entrou em contato com o banco e descobriu que ele fez duas compras, uma de quase R$ 9 mil reais e outra de cerca de R$ 4 mil. “Aí a gente entendeu que tinha sido esse cara, que estava super nervoso e o cartão deu vários erros porque ele estava tentando passar valores diferentes. Ele continuou passando valores altos até que um foi”, relatou. Isabelly entrou em contato com a empresa e também conseguiu recuperar o dinheiro. 

Filmagem da tela

Um vídeo que circula nas redes sociais e no Whatsapp revelou um novo tipo de golpe com clientes de aplicativos de delivery. As imagens mostram o momento em que um entregador leva a comida até a porta da casa de uma senhora em São Paulo. Na hora de receber o pagamento, ele filma a frente e o verso do cartão da cliente com o celular sem que ela perceba. Enquanto isso, o motoboy diz que está esperando o sinal da máquina funcionar. “Só pegar o sinalzinho da máquina aqui, tá? Quando tem muito pedido na rua elas ficam doidinhas”, diz o entregador no vídeo. Depois disso, a cliente faz o pagamento normalmente e ele se oferece para iluminar a maquininha com o flash do celular, gravando também o momento em que ela digita a senha no teclado. “O consumidor deve procurar fazer o pagamento no momento do pedido, de forma online, evitando pagar na hora da entrega, que é o momento em que o golpe é aplicado. E lembrar que não existe taxa de entrega ou outra taxa extra. Qualquer ocorrência diferente deve ser comunicada à empresa”, alerta Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP. 

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