Governadores do Nordeste condenam fim da quarentena e pedem ‘diálogo sério’

Em carta, eles exigem que Bolsonaro ‘cesse as agressões’ contra os chefes dos Estado

  • Por Jovem Pan
  • 27/03/2020 19h33
Bruno Rocha/Estadão Conteúdo No documento, eles dizem que "continuarão orientados pela ciência e pela experiência mundial"

Os governadores dos 9 Estados do Nordeste divulgaram, nesta sexta-feira (27), uma carta aberta repudiando o incentivo do presidente Jair Bolsonaro de acabar com o isolamento social. No documento, eles dizem que “continuarão orientados pela ciência e pela experiência mundial” para nortear as suas medidas contra o coronavírus e pedem um diálogo sério com o governo federal.

“Parâmetros científicos indicam as ações preventivas e protetivas, de intensidade gradual, e estágios progressivos ou regressivos, adequando sempre à realidade de cada região de nossos Estados”, escrevem.

Além disso, os líderes destacam que a recomendação da quarentena como forma de conter a disseminação do vírus é “de entidades de reconhecida respeitabilidade”, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Eles condenam a campanha lançada pelo governo intitulada “Brasil Não Pode Parar”, bem como o incentivo de Bolsonaro à carreatas por todo o país contra o isolamento. “Este tipo de iniciativa representa um verdadeira atentado à vida.”

“Na ausência de efetiva coordenação nacional, que deveria ser assumida pela Governo Federal, em articulação com os demais entes federativos, buscaremos avançar na esfera regional e com as demais regiões, mobilizados pelo objetivo de salvar vidas e amenizar impactos negativos sobre a economia dos Estados”, afirmam.

Os governadores solicitam um pronunciamento oficial sobre a questão do Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, da Sociedade Brasileira de Infectologia, além do acompanhamento e orientação do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual (MPE).

“Exigimos respeito por parte do presidente e esperamos que cessem, imediatamente, as agressões contra os governadores, assumindo-se um posicionamento institucional, com seriedade, sobre medidas preventivas”, diz a carta.

“Estamos abertos ao diálogo neste esforço que precisa ser coletivo, tendo como meta a superação da ameaça representada por esta doença. Temos absoluta convicção de que o diálogo, o equilíbrio e a união serão sempre o melhor caminho para revertermos este quadro crítico”, finaliza.

Assinam a carta Camilo Santana, do Ceará, Rui Costa, da Bahia, Renan Filho, de Alagoas, Flávio Dino, do Maranhão, João Azevedo, da Paraíba, Paulo Câmara, de Pernambuco, Wellington Dias, do Piauí, Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, e Belivaldo Chagas, de Sergipe.

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