Governo Alckmin fará PPP para colocar “fábrica de sangue” de Serra para funcionar

  • Por Jovem Pan
  • 04/12/2017 16h46 - Atualizado em 04/12/2017 16h53
Reprodução "A fábrica que está pronta, mas precisa ter seu parque tecnológico atualizado", disse o secretário David Uip no Fórum Jovem Pan.

O secretário de Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, anunciou durante o Fórum Jovem Pan Mitos e Fatos desta segunda-feira (4) que será aberta a partir do próximo dia 12 chamada para uma parceria público-privada (PPP) para “dar um desfecho” a “uma fábrica de sangue no Butantã que nunca produziu uma gota de sangue”.

A fábrica de hemoderivados é um grande prédio construído no Instituto Butantan. Ela foi anunciada pelo ex-governador e atual senador José Serra (PSDB) em 2008. A previsão era que o local produzisse medicamentos derivados do sangue humano desde 2010, mas leis impediram que o local tivesse acesso ao material, uma vez que a doação de sangue no Brasil não é suficiente.

Deste modo, foram gastos R$ 239,4 milhões de dinheiro público em dinheiro público na construção e manutenção da fábrica. Auditoria feita em fevereiro mostrava que seria necessário gastar mais R$ 437,6 milhões para ativar a produção no local. Os equipamentos ficaram defasados.

“Vamos ter isso aprovado no próximo dia 12. A ideia é fazer uma PPP com o setor privado para desenvolver uma fábrica que está pronta, mas precisa ter seu parque tecnológico atualizado”, disse o secretário no Fórum Jovem Pan.

O objetivo da ativação da fábrica tornar o Brasil autossuficiente na produção de remédios derivados do sangue – hemoderivados. Serra anunciou que a fábrica no Butantan seria a primeira do Brasil. Sete anos depois, porém, já há uma fábrica do tipo em funcionamento em Goiana, zona na mata de Pernambuco, de controle do governo federal.

A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), que comanda o posto fabril pernambucano, foi alvo de polêmica em junho, quando o Ministério Público entrou com ação cautelar para tentar impedir a transferência da fábrica para Maringá, no Paraná. A articulação seria do ministro da Saúde Ricardo Barros, para favorecer seu reduto eleitoral paranaense.

Segundo o secretário da Saúde de São Paulo, a produção da Hemobrás não é suficiente. “O Brasil não tem produção dos derivados do sangue e importa tudo”, disse Uip.

De acordo com o governo estadual paulista, a destinação primária dos medicamentos produzidos pela fábrica será o Sistema Único de Saúde (SUS). Está previsto, no entanto, que os “excedentes” irão para órgãos públicos ou empresas brasileiras ou estrangeiras.

Doenças como raiva e difteria podem ser tratadas a partir das imunoglobulinas. Já a hemofilia pode ser tratada a partir de fatores de coagulação gerados de albuminas.

No mesmo evento, Uip prometeu a entrega de nove hospitais até março de 2018, mês anterior ao que Alckmin deve deixar o governo para concorrer à Presidência. O secretário também justificou a privatização de algumas funções do governo, com licitação já aberta. “O Estado não tem competência de produzir e fazer logística de medicamento”, disse. “Não tem como concorrer com o setor privado”.

Assista à palestra completa de David Uip abaixo (o trecho sobre a “fábrica de sangue” está a partir do minuto 20′):

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