Grupo liderado por Michel Temer comete crimes há 40 anos, diz MPF

  • Por Rafael Iglesias/Jovem Pan
  • 21/03/2019 18h20 - Atualizado em 21/03/2019 21h30
Rafael Arbex/Estadão Conteúdo Ex-presidente da República foi preso na manhã desta quinta-feira em São Paulo

O grupo liderado por Michel Temer está unido no cometimento de crimes há “praticamente” 40 anos, segundo revelou nesta quinta-feira (21) o Ministério Público Federal (MPF). O ex-presidente foi preso pela manhã, em São Paulo, e levado para o Rio de Janeiro, onde deve ser encarcerado na sede da Superintendência da Polícia Federal.

Além de Temer, o ex-ministro de Minas e Energia e ex-governador do Rio Moreira Franco, além coronel da reserva da Polícia Militar João Batista Lima Filho (amigo pessoal do ex-presidente) também foram detidos. De acordo com a procuradora Fabiana Schneider, Temer e Lima se conheceram na secretaria paulista da Segurança Pública.

“Esse grupo criminoso que foi preso hoje tem atuação há praticamente 40 anos e isso ficou muito bem demonstrado a partir da investigação, ao longo de algumas operações. Coronel Lima e Michel Temer atuam desde a década 80 juntos. Ambos se conheceram quando Temer ocupou a secretaria e Lima era seu assessor militar”, disse.

Fabiana destacou que, já nos anos de 1980, o coronel passou a trabalhar na Argeplan, que atualmente “vem atuando em diversos contratos públicos”. Ela explicou que a partir de documentos apreendidos foi possível notar um “crescimento exponencial nas contratações da Argeplan no período em que Temer atuou em cargos púbicos”.

Entretanto, para ela, os 10 mandados de prisão expedidos nesta quinta (oito preventivos e dois temporários) focaram em “só um braço da organização que vem atuando até os dias de hoje em contratos que se prolongam” durante anos. “Existe uma planilha que demonstra que pagamentos foram feitos para o codinome ‘MT’, ou seja, Michel Temer.”

R$ 20 milhões

A procuradora informou durante entrevista coletiva que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou uma “tentativa de depósito de R$ 20 milhões em espécie na conta da Argeplan”, fato que ainda está sendo investigado. “Isso aconteceu em outubro de 2018, ou seja, um fato extremamente recente”, constatou.

O fato foi posterior à primeira prisão de Lima, no começo do ano passado. “É um indicativo de que a organização criminosa continua atuando.”É uma organização criminosa que está atuando até os dias de hoje, chefiada por Michel Temer, e que tem contratos diversos com o poder público, manteve contratos com o poder público, paralelamente à atuação de Temer em cargos públicos editando atos em benefício do setor privado.”

O procurador Eduardo El Hage, também enfatizou nesta tarde que “há décadas os dois [Lima e Temer] vêm operando para desviar recursos públicos, sempre o coronel Lima atuando como recebedor dessas vantagens indevidas, em razão de Temer ser uma pessoa exposta” publicamente. “As provas são muito contundentes”, disse.

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