Hidroxicloroquina não é eficaz no tratamento da Covid-19, diz pesquisa

Estudo feito com 667 pacientes com casos leves e moderados indicou, ainda, que o uso deste medicamento pode levar a um risco maior de arritmia cardíaca e lesão hepática

  • Por Jovem Pan
  • 23/07/2020 17h27 - Atualizado em 23/07/2020 17h30
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CADU ROLIM/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Hidroxicloroquina Em relação as mortes, o número foi semelhante entre os grupos de controle: cerca de 3%

Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira, 23, na New England Journal of Medicine, conduzida pela Coalização Covid-19 — grupo formado por hospitais brasileiros — apontou que a hidroxicloroquina não teve eficácia no tratamento de pacientes com casos leves a moderados do novo coronavírus. Além disso, indicou que as pessoas que fazem uso deste medicamento podem ter mais risco de arritmia cardíaca e lesão hepática.

Foram analisadas 667 pessoas com quadros leves e moderados da Covid-19, em 55 hospitais do País. Os pacientes foram divididos em três grupos: 217 receberam uma combinação de hidroxicloroquina e azitromicina; 221 só hidroxicloroquina; e 227  apenas suporte clínico padrão. “O status clínico (…) foi similar nos grupos tratados com hidroxicloroquina e azitromicina, hidroxicloroquina isolada ou grupo controle”, apontou o estudo.

Resultados

Em um período de 15 dias, 69% dos pacientes do grupo hidroxicloroquina + azitromicina + suporte clínico padrão estavam em casa, sem limitações respiratórias. Este número foi de 64% nos pacientes do grupo hidroxicloroquina + suporte clínico padrão, e 68% no grupo que contou apenas com suporte clínico padrão.

Já em relação as mortes, o número foi semelhante entre os grupos: cerca de 3%. Com estes resultados, os pesquisadores concluíram que “a utilização de hidroxicloroquina ou azitromicina não promoveu melhoria na evolução clínica dos pacientes”.

Em relação aos efeitos colaterais, os grupos que utilizaram hidroxicloroquina apresentaram alterações em exames de eletrocardiograma (aumento do intervalo QT, o que representa maior risco para arritmias). Além disso, também tiveram alteração de exames que podem representar lesão hepática. Segundo a pesquisa, “não houve diferenças para outros eventos adversos, como arritmias, problemas hepáticos graves ou outros”.

Os pacientes incluídos no estudo tinham em torno de 50 anos, e pouco mais da metade era do sexo masculino. Os participantes eram todos recém-admitidos ao hospital (até 48 horas), e tinham sintomas iniciados, no máximo, até sete dias antes. Além disso, 40% eram hipertensos, 21% eram diabéticos e 17% eram obesos. De acordo com os pesquisadores, estes resultados “não são aplicáveis a outras populações, a exemplo de pacientes ambulatoriais com formas mais leves e iniciais da Covid-19”.

A Coalização Covid-19 é formada  por Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).

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