Jovem Pan faz especial sobre a Lava Jato, a principal operação contra a corrupção do Brasil; assista

Somente na 13ª Vara Federal de Curitiba, foram mais de 550 denúncias e cerca de 170 ações penais cumpridas; em 2021, Augusto Aras proclamou o fim da força-tarefa

  • Por Jovem Pan
  • 16/04/2021 16h54
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO carro com bandeiras do brasil e cartaz a favor da lava jato Carreata de apoiadores da Lava Jato em São Paulo

Os números da Operação Lava Jato impressionam: somente nas movimentações da 13ª Vara Federal de Curitiba, que trabalhou nos casos por sete anos, foram mais de 550 denúncias e cerca de 170 ações penais cumpridas. O destino do combate à corrupção no país é a pergunta que fica na cabeça dos brasileiros com o encerramento da força-tarefa. Para relembrar os feitos da principal operação contra a corrupção do Brasil, a Jovem Pan lançou um mini documentário que resume a história da força-tarefa, desde a primeira das 80 fases até a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decisão tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.

O dia 17 de março de 2014 foi marcado pela primeira de 80 fases da Operação Lava Jato — e, entre os detidos, o doleiro Alberto Youseff. A Polícia Federal deu o nome de Lava Jato por causa de um posto de combustíveis de Brasília: o estabelecimento era usado como fachada para movimentar valores de origem ilícita. Por meio de Alberto Youssef, os investigadores chegaram a Paulo Roberto Costa — levado à diretoria da Petrobras pelo deputado José Janene, morto em 2010. Na época, a estimativa era de que os esquemas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas movimentaram R$ 10 bilhões. Um castelo de cartas começou a desmoronar: as prisões foram se ampliando, como a de Nestor Cerveró. As delações premiadas eram devastadoras. A Operação atingiu grandes empreiteiras brasileiras, como a Odebrecht, Andrade Gutierrez e AOS, e os presidentes das empresas foram presos.

Além da Lava Jato mirar figuras do Congresso Nacional, o Legislativo também virou centro de debates sobre medidas de combate à corrupção. As ações propostas pela força-tarefa em Curitiba, com apoio de Sergio Moro, foram discutidas com a sociedade. Grandes nomes da política do país foram conduzidos pelos policiais, como o ex-ministro José Dirceu. De acordo com investigações da Lava Jato, uma empresa em nome dele recebeu da Camargo Correa, de forma suspeita, cerca de R$ 886 mil. Outro petista, Antônio Palocci aceitou fazer delação premiada e, em troca, acusou o ex-presidente Lula de ter conhecimento sobre a corrupção. Antônio Palocci também foi acusado de pedir R$ 2 bi para a campanha de Dilma Rousseff e acabou preso em 2016. Outro figurão da política envolvido, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha teria se beneficiado do gigantesco esquema na Petrobras. Já Sérgio Cabral entrou para o hall dos maiores corruptos do Brasil. O ex-governador do Rio de Janeiro foi réu mais de 23 vezes e condenado pelo menos 14. Entre as confissões para a Polícia e a Justiça, Sérgio Cabral admitiu que vendeu as Olimpíadas de 2016 no Rio.

No Congresso Nacional, foi aberta uma CPI para apurar o Petrolão. Paulo Roberto Costa e Alberto Youseff ficaram frente à frente. A refinaria de Pasadena, nos EUA, citada por Paulo Roberto Costa, era chamada de Ruivinha por causa das estruturas enferrujadas. A Polícia Federal responsabilizou Dilma Roussef pelo prejuízo no negócio, fechado quando ela chefiava o Conselho de Administração da Petrobras. No dia 4 de março de 2016, na 24ª fase da Operação, batizada de Aletheia, o ex-presidente Lula foi alvo de condução coercitiva. Dilma Rousseff tentou nomeá-lo para a Casa Civil. Na véspera da posse dele, o ministro Sergio Moro liberou a divulgação de um áudio de conversa telefônica entre Lula e Dilma que caiu como uma bomba. O grampo telefônico decorrente da Operação Aletheia confirmou a trama para conceder foro privilegiado ao ex-presidente. No mesmo dia da posse, o ministro Gilmar Mendes suspendeu a nomeação de Lula. A Câmara já tinha aprovado o impeachment de Dilma Roussef quando o Ministério Público denunciou Lula no caso do tríplex do Guarujá. Para o procurador Deltan Dallagnol, o ex-presidente era o cabeça da corrupção revelada pela Lava Jato.

As conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil, obtidas por meio de hackers, causaram constrangimento à cúpula da Lava Jato. As mensagens indicariam que Sergio Moro sugeriu testemunhas e aconselhou procuradores. Ele questionava a origem ilícita das informações. Assim como Sergio Moro, o procurador Deltan Dallagnol lamentou o que passou a ser chamado de Vaza Jato. Dallagnol sofreu investigações e foi punido por manifestações políticas nas redes sociais. Ele deixou a força-tarefa em setembro de 2020. Em junho do mesmo ano, o atual procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a subprocuradora Lindora Araújo para que fosse a Curitiba consultar arquivos da força-tarefa. Apesar da ida dela ter despertado reações e criticas, o chefe do Ministério Público justificou o envio da aliada. O procurador pediu ainda investigação contra integrantes da Lava Jato e proclamou o fim da força-tarefa.

Após uma decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, Lula teve caminho aberto para se tornar novamente elegível. Fachin considerou que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgar os casos do tríplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e do Instituto Lula. Com a anulação, os processos voltaram à estaca zero e Lula ganhou a chance de atacar a Lava Jato e dizer que “foi vítima da maior injustiça jurídica contada em 500 anos de história”. O Supremo também decretou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro por ter condenado o petista. Pouco mais de um ano após o início dos debates sobre o assunto, a ministra Cármen Lúcia mudou o voto.

Confira o mini documentário na íntegra:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.