“Juízes não tem ideologia para pender para um lado A ou B”, diz Fachin

  • Por Estadão Conteúdo
  • 27/06/2018 11h56
Valter Campanato/Agência Brasil Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal "O colegiado é formando por posições distintas, o dissenso é natural", disse o magistrado

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira, 27, que juízes não têm derrota ou vitória, ao comentar a sessão da Segunda Turma desta terça – na qual ficou vencido em cinco processos, sendo quatro no âmbito da Lava Jato.

Questionado sobre o julgamento do pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se o adiamento (Fachin enviou o caso ao plenário do Supremo) seria algum tipo de “retaliação”, o ministro disse que “juízes não tem ideologia nem segmento para pender para um lado A ou lado B”.

“O colegiado é formando por posições distintas, o dissenso é natural, e é por isso que nessa mesma medida os julgamentos se deram e vão se dar na luz da ordem normativa constitucional, e cada magistrado aplicando aquilo que depreende da Constituição. Foi um dia de atividade normal, assim está sendo e assim será”, afirmou o relator da Lava Jato sobre a sessão da Segunda Turma – que libertou o petista e ex-ministro José Dirceu da prisão, um dos casos em que o ministro foi voto isolado.

Ao falar sobre o ex-presidente Lula, Fachin disse que o magistrado tem de deixar as convicções pessoais para “o lado de fora da sala de julgamento”. “É assim que tenho me portado, e isso que me dá paz na alma”, concluiu.

Derrotas

A sessão extraordinária realizada nesta terça-feira deixou ainda mais explícito o isolamento do de Fachin na Segunda Turma do STF Em sua maioria, os ministros da turma possuem um perfil crítico aos métodos de investigação da Operação Lava Jato.

O relator da operação tem optado por remeter algumas questões diretamente ao plenário da Corte, a exemplo do que fez com o recurso de Lula para suspender sua prisão. Integrantes da Segunda Turma acreditam que o relator da Lava Jato fez isso como uma manobra para evitar uma nova derrota no colegiado.

Conforme revelou a Coluna do Estadão na sexta-feira passada, ministros cogitavam, ao analisar o pedido da defesa do petista, a possibilidade de Lula ir para a prisão domiciliar, mas sem alterar os efeitos de sua condenação, como a inelegibilidade.

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