Juros podem ir a 14% em setembro com inflação elevada e cenário externo volátil, diz economista da ACREFi

Nesta quarta-feira, 3, o Copom do Banco Central decidiu unanimemente elevar a taxa Selic em 0,5 ponto, para o patamar de 13,75% ao ano

  • Por Jovem Pan
  • 03/08/2022 21h36 - Atualizado em 03/08/2022 21h45
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Marcos Santos/USP Imagens Após seis anos de quedas sucessivas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros para 2,75% em março de 2021; entenda o motivo Taxa básica de juros Selic elevou em 0,5 ponto percentual, para o patamar de 13,75% ao ano

O economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFi), Nicola Tingas, afirmou que os juros podem chegar a 14% em setembro em razão da inflação elevada e do cenário externo volátil. “O Banco Central sinaliza que vai persistir quanto ao risco de expectativa em prazos mais longos e também na contingência da inflação”, diz. Mais cedo, nesta quarta-feira, 3, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu unanimemente elevar a Selic em 0,5 ponto, para o patamar de 13,75% ao ano, o maior desde janeiro de 2017. “O banco reconhece o cenário de alta inflação ou de manutenção de patamares maiores do que a meta”, resume Tingas. O aumento da taxa básico de juros foi em conformidade com o que mercado financeiro esperava e com o que o próprio BC havia indicado na ata da última reunião, realizada em 15 de junho. A alta foi a 12ª consecutiva – o Copom iniciou o ciclo de altas da taxa em março de 2021, como forma de combate à inflação. Desde então, o BC prosseguiu em sua política de ajuste monetário para evitar o descontrole na subida de preços – até junho, o índice oficial da inflação no país, o IPCA, acumula alta de 11,89% em 12 meses. No comunicado sobre a nova alta, o BC indicou que o ajuste provavelmente continuará, embora com magnitude menor na próxima reunião. A própria instituição prevê que não será possível cumprir a meta de inflação para 2022, que tem o teto de 5%, mas busca evitar que o estouro nas metas de 2023 (teto de 4,75%) e 2024 (4,5%). “A palavra de ordem do Banco Central é cautela, mas ele também, com essa verbalização, de um próximo reajuste residual, já está colaborando com as expectativas do mercado, de que estamos no fim do ciclo de alta aqui no Brasil”, explica o economista-chefe da ACREFi.

Ao comentar a situação econômica, o Copom avaliou que ainda há muita volatilidade e diversas pressões inflacionárias seguem, como o cenário exterior e a incerteza sobre a parte fiscal do país. No sentido contrário, o BC avalia que há uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em reais e uma possível desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada, embora a inflação ao consumidor ainda siga alta e o mercado de trabalho tenha tido uma retomada mais forte que a esperada. “O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024″, escreveu o Copom junto com a decisão – antes de afirmar que a situação demanda cautela adicional.

O economista-chefe ainda comenta que o Copom, além de buscar ancorar expectativas de longo prazo, também pretende ganhar tempo para observar o movimento de atividade global, a magnitude de alta de juros e o discurso do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos). “Dá a impressão de que ele não quer estar desalinhado de um contexto global de ataque às pressões resilientes substanciais da inflação, mesmo que esteja próximo de um ponto de pico de alta de juros para conjuntura brasileira”, finalizou Nicola Tingas.

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