Lava Jato acha doações de R$ 5,3 mi do Hospital 9 de Julho a políticos e partidos

  • Por Estadão Conteúdo
  • 23/11/2016 14h14
BRA01. CURITIBA (BRASIL), 26/09/2016.- El exministro de Hacienda de Brasil, Antonio Palocci, uno de los hombres más influyentes en los Gobiernos de Luiz Inácio Lula da Silva y Dilma Rousseff, llega hoy, lunes 26 de septiembre de 2016,a declarar en el caso de corrupción de la Lava Jato donde es acusado de recibir sobornos para intervenir en ambas administraciones en defensa los intereses de la constructora Odebrecht, en Curitiba (Brasil). EFE/HEDESON SILVA EFE/HEDESON SILVA EFE - Ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci chega a Curitiba em prisão temporária para falar à Lava Jato

A Lava Jato encontrou na residência de Branislav Kontic – ex-assessor de Antonio Palocci e acusado de atuar como emissário do ex-ministro no contato com a Odebrecht para beneficiar a empreiteira no governo federal -, extratos de consultorias prestadas por Brani (como ele era conhecido) ao Hospital 9 de Julho e à empresa Multiplan, responsável pela gestão de shoppings e empreendimentos imobiliários em todo o País.

Assim como o ex-ministro, Brani abriu empresas de consultoria após deixar a assessoria de Palocci na Casa Civil, em 2011 (governo Dilma). Ele fez parte do quadro da Projeto Consultoria, do ex-ministro, até agosto de 2012 e é o dono da Anagrama Consultoria, empresa que tem apenas ele como sócio. Foi justamente a Anagrama que recebeu, segundo os extratos encontrados em sua residência, R$ 924,2 mil do Hospital 9 de Julho e R$ 755,2 mil da Multiplan de 2013 a 2015 a título de consultorias a estas empresas.

Chamou a atenção da PF o fato de a empresa ter apenas Brani como sócio e não possuir nenhum funcionário, além de ter como atividade “consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica”.

“Chama atenção um hospital, que de acordo com banco de dados à disposição da Polícia Federal, possui diversos contratos com a administração pública, que realizou diversas doações para vários partidos políticos, possuir um contrato de consultoria com uma empresa que sua atividade econômica é consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica”, aponta o agente da PF Antonio Chaves Garcia, que assina o relatório.

O tradicional hospital doou o total de R$ 5,370 milhões a candidatos e partidos nas eleições de 2012 e 2014. Dentre os destinatários das doações registradas na Justiça Eleitoral estão PT, PMDB, PSDC, PSD e PSDB. Entre os nomes dos destinatários de doações do hospital destaca-se Olavo Calheiros Filho (PMDB), irmão do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e que recebeu R$ 400 mil do hospital.

No relatório, a PF não aponta irregularidades nas doações, apenas rastreia as movimentações financeiras do hospital, bem como seus contratos com a administração pública.

O Hospital 9 de Julho, segundo a PF, aparece como destinatário de recursos do Tesouro Nacional, do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) por meio do Hospital Geral de São Paulo, Hospital de Aeronáutica de São Paulo e Comando do 8.º Distrito Naval.

A instituição também aparece como fornecedora do Hospital Militar de Área de São Paulo – Unidade compradora Fundo do Exército) e Serpro – Regional São Paulo (Serviço Federal de Processamento de Dados).

Atualmente, Brani está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, nos arredores de Curitiba, base da Lava Jato, e responde a uma ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à obtenção, pela Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobras.

Segundo as investigações, Brani atuava como intermediário de Palocci no contato com a empreiteira. Além da denúncia, a Lava Jato segue apurando as atividades de Brani e, por isso, rastreia seus contratos de consultoria.

Defesas

Consultado, o Hospital 9 de Julho não retornou os contatos da reportagem. O Criminalista José Roberto Batochio, que Defende Branislav Kontic, disse que a empresa de seu cliente é regular. “Esta é uma empresa absolutamente regular, de prestação de serviços, da qual ele é sócio e, pelo que eu saiba, o hospital não é entidade publica e nem a remuneração paga por ele (a Brani) sai do erário. Se trata de um contrato entre particulares, da mesma forma que ocorre com a Multiplan, que também é uma pessoa jurídica de direito privado”, disse.

A Mutiplan esclareceu que “assinou um contrato com a empresa Anagrama Consultoria e Assessoria Ltda em julho de 2014. O contrato tinha finalidade específica de prestação de serviços de análise sobre as modificações no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, na Lei de Uso e Ocupação do Solo e seus impactos no desenvolvimento dos empreendimentos que a empresa possui na cidade. Os serviços foram pagos em bases mensais e prestados por arquitetos e profissionais qualificados, com expertise técnica em regulação urbanística, tendo sido encerrado o contrato em junho de 2015.”

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