Líder quilombola é assassinada a tiros na Bahia

Yalorixá e ex-secretaria de Promoção de Igualdade Raciais de Simões Filho, Mãe Bernadete, foi morta por criminosos que invadiram o Quilombo Pitanga dos Palmares e fizeram reféns

  • Por Jovem Pan
  • 18/08/2023 09h14 - Atualizado em 18/08/2023 09h31
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Divulgação/Conaq Mãe Bernadete - Quilombola Quilombo liderado por Bernadete é composto por 289 famílias e tem extensão de 854 hectares

A líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, também conhecida como Mãe Bernadete, foi assassinada na noite desta quinta-feira, 17, no Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia. Criminosos teriam invadido o terreiro da comunidade e executado Maria a tiros. Além disso, familiares teriam sido feitos reféns durante o processo. A Yalorixá e ex-secretaria de Promoção de Igualdade Racial da cidade de Simões Filho (BA) também é mãe de Flávio Gabriel Paícifico dos Santos, o Binho do Quilombo, morto há quase seis anos, em 19 de setembro de 2017. Em nota, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), lamentou a morte de Mãe Bernadete.

“A família Conaq sente profundamente a perda de uma mulher tão sábia e de uma verdadeira liderança. Sua partida prematura é uma perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos”, diz a nota. Além disso, o Conaq exigiu que o Estado tome medidas para proteger as lideranças do quilombo. “É dever do Estado garantir que haja uma investigação célere e eficaz e que os responsáveis pelos crimes que têm vitimado as lideranças desse quilombo sejam devidamente responsabilizados. É crucial que a Justiça seja feita, que a verdade seja conhecida e que os autores sejam punidos. Queremos Justiça para honrar a memória de nossa liderança perdida, mas também para que possamos afirmar que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas não serão tolerados”, conclui o comunicado.

Liderado por Bernadete, o Quilombo Pitanga dos Palmares é formado por 289 famílias e tem uma extensão de 854,2 hectares, reconhecidos pelo Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Arária (Incra). O relatório da Rede de Observatório de Segurança aponta a Bahia como o segundo Estado com mais ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais, com 428 vítimas entre 2017 e 2022. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), lamentou a morte da líder quilombola. “Determinei que as Polícias Militar e Civil desloquem-se de imediato ao local e que sejam firmes na investigação. […] Não permitiremos que defensores de direitos humanos sejam vítimas de violência em nosso Estado”, escreveu nas redes sociais.

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