Maia critica isolamento vertical: ‘Governo não apresentou uma proposta para os idosos’

  • Por Jovem Pan
  • 25/03/2020 19h34 - Atualizado em 25/03/2020 19h35
Gilmar Félix/Câmara dos Deputados Maia afirmou que o Congresso deve votar nesta quarta os recursos que serão destinados aos trabalhadores informais e às pessoas mais pobres

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-SP), criticou nesta quarta-feira (25) a medida de isolamento vertical avaliada por Jair Bolsonaro, que consiste em manter apenas pessoas idosas em quarentena durante a pandemia de coronavírus.

“Como alguém pode falar em isolamento vertical se até hoje não apresentou uma proposta para os idosos em maior vulnerabilidade. Até hoje não vimos do governo qual vai ser a política para isolar os mais velhos”, disse Maia.

Ele usou como exemplo os jovens que moram em comunidades. Se saírem de casa e forem infectados com o vírus, podem retornar e, consequentemente, passar para os idosos que moram no local, já que as casas normalmente são pequenas.

“A partir do momento que o governo tiver uma política série, olhando com mais urgência a questão desses idosos que moram em comunidades, certamente teremos condições de, em algumas semanas, liberar os mais jovens e proteger eles”, finalizou.

Pressão de investidores

Além disso, o presidente da Câmara afirmou que acredita que a mudança de posicionamento do governo sobre o isolamento durante a pandemia ocorreu por uma “pressão de investidores”.

“A minha opinião é que, nas últimas semanas, tivemos uma pressão muito grande de investidores que colocaram recursos na Bolsa [de Valores] esperando a prosperidade. A Bolsa caiu, como no mundo todo, e desde a última sexta-feira vemos jornais e atores do mercado falando da necessidade de não ter isolamento”, explicou. “Não podemos colocar a vida dos brasileiros em risco por parte destes investidores, que estão preocupados com as suas perdas e querem impor no Brasil uma realidade que não existe em nenhum país do mundo”, completou.

Segundo ele, é “preciso continuar seguindo as ordens do Ministério da Saúde e da OMS”, que são de manter o isolamento social. No entanto, Maia cobrou “previsibilidade” do governo.

O presidente da Câmara voltou a criticar as decisões de Jair Bolsonaro: “Frases de efeito não vão resolver o problema. O mais importante é construir as soluções que passarem pela liderança do Executivo, que muitas vezes tem falhado, mas as equipes técnicas têm avançado”, disse.

Para ele, a área técnica do governo precisa apresentar entre hoje e amanhã uma proposta de desvinculação do contrato de trabalho, aliada com a liberação do seguro desemprego. Maia afirmou, ainda, que o Congresso deve votar nesta quarta os recursos que serão destinados aos trabalhadores informais e às pessoas mais pobres. Segundo ele, o valor de R$ 200 proposto na Medida Provisória é muito baixo.

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